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24 Diário da Câmara dos Deputados

de trazer ao Parlamento uma alteração que, estou certo, êle a votará.

A minha proposta ainda não estava elaborada, quando no Ministério me procuraram alguns chauffeurs, que foram recebidos por ruim, e que reclamaram contra as multas de 800$, e contra a maneira como estavam sendo aplicadas.

Conversámos e vim para o Parlamento, falei com alguns leaders, sôbre a proposta a apresentar, mas não pude apresentá-la.

Quando saí daqui encontrei a greve dos chauffeurs.

Sôbre o assunto ouvi com toda a atenção as reclamações apresentadas para que as multas fossem deminuídas, e se modificasse o regime actual.

O que pretendia apresentar, tenho a convicção teria resolvido o assunto, disse-lhes.

Pediram-me que fossem soltos os presos.

Foram soltos os presos.

Instaram por que as multas permanecessem segundo a tabela anterior à sua modificação.

Não pude atender, pois iria contra uma lei do Parlamento.

Contudo, era tanta a minha convicção de que justiça havia nas suas reclamações que não tenho dúvida — afirmo-lhes — em recomendar que haja benevolência na aplicação das referidas multas.

Disse-lhes que tinha já uma proposta, mas que não a apresentava ainda, porque outros assuntos estavam em discussão.

Responderam-me que estavam do acordo e que retomariam o serviço.

Os delegados foram conferenciar com os chauffeurs e, daí a meia hora, declararam que a greve só acabaria quando fossem atendidas as reclamações.

Emquanto fôr Ministro do Interior, hei-de manter o prestígio da autoridade.

Não posso aceitar imposições desta natureza, absolutamente injustas, pois que não me recusei a satisfazer nenhuma das pretensões.

Nenhuma.

Mas também não é verdadeira a afirmação do que me desinteressasse da greve.

Tenho procedido por todas as formas, de acordo com o Sr. Ministro da Guerra, resolver a questão.

E assim é que hoje circulam nas ruas de Lisboa 350 carroças e 60 camiões.

Nesta greve há mais alguma cousa que se não parece nada com a greve dos padeiros.

Emquanto êstes foram duma correcção absoluta, os Srs. chauffeurs e carroceiros não procedem do mesmo modo.

Já fazem assaltos na rua, ataques a tiro e com fueiros, etc.

A isto respondo com o máximo rigor.

Não tenho medo absolutamente nenhum.

Pelo contrário.

Sou comedido, mas, nestes casos, não receio um momento.

A questão está neste pé, o que não quere dizer que, se alguém a quiser solucionar, eu não lhe dê todas as facilidades para isso.

Não sei, porém, que mais reclamações poderão ser satisfeitas: todas foram atendidas absolutamente.

Interrupção do Sr. Carvalho da Silva.

O Orador: — Garanto que há homens que recebem dinheiro, não trabalham, o estão em greve. Há proprietários de carroças que são os próprios que vão às reuniões dos carroceiros incitar à greve.

Êstes factos são absolutamente verdadeiros.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Dinis da Fonseca: — Sr. Presidente: ouvi no começo da sessão as declarações feitas pelo Sr. Ministro da Instrução em resposta ao ilustre Deputado Sr. Tôrres Garcia. Ouvi-as serenamente, mas não quis interromper o Sr. Ministro para lhe fazer umas preguntas.

Como, porém, vi S. Exa. exaltado ...

O Sr. Ministro da Instrução Pública (Helder Ribeiro): — Calor sim, exaltação nenhuma!

O Orador: — Seja calor, só isso dá prazer a V. Exa.

Como, porém, vi S. Exa. com demasiado calor, não quis interrompê-lo para não lhe aumentar o calor. Portanto, aproveito o ensejo para agora fazer essas preguntas que tencionava então formular.