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Sessão de 9 de Maio de 1924 21

parte dêsses Ministérios, como os que actualmente se encontram nas cadeiras do Poder, ou outros quaisquer, têm trabalhado, trabalham e hão-de trabalhar para o bem da Pátria, com prejuízo dos seus próprios interêsses.

Nunca pedimos ao Parlamento autorizações largas, como as que têm sido concedidas ultimamente, não querendo, no emtanto, com isto dizer que o Parlamento tenha andado mal concedendo-as.

O que é necessário, porém, é que elas sejam aplicadas de forma a justificar a necessidade que houve em as conceder; pois, de contrário, isso poderá redundar num desprestígio para crê homens do Govêrno e para o regime.

Simultaneamente quisemos fazer a compressão das despesas, e para isso envidei, com os meus colegas do Ministério, os meus maiores esfôrços e todos devem, recordar-se das lutas que se travaram para não prover os cargos vagos, tendo além disso trazido a esta casa do. Parlamento uma proposta tendente a proibir que se fizessem novas nomeações.

Apesar de todos os nossos esfôrços, apesar da nossa boa vontade de conseguirmos realizar uma obra vasta e verdadeiramente profícua para o País, foi tal o torpedeamento feito à maior parte das nossas medidas, que afinal resultou desconexo o nosso trabalho, pois nunca tive para governar as autorizações parlamentares necessárias para efectivar o que era absolutamente necessário ao bem da Nação.

Não há o direito de acusar os governos da minha presidência de não terem realizado integralmente o seu programa, porque, se o não fizeram, foi apenas porque o Parlamento lhes não concedeu os meios indispensáveis para isso.

Várias vezes fiz aqui apelo à Câmara para que efectivássemos uma obra de conjunto.

Não ganhamos absolutamente nada com retaliações partidárias. Disse-o no Congresso do meu partido e já o tinha dito muitas vezes.

Fez-se aqui também um a referência que me magoou. Afirmou-se que o Govêrno da minha presidência não tinha conseguido o crédito dum milhão de libras em Londres, devido à sua falta de tato político.

Quem se recorde do que era a situação interna do País nessa ocasião em que me vi a braços com uma greve revolucionária e quem se recorde das convulsões mundiais dessa época não tem o direito de censurar o Govêrno por não ter obtido um crédito a que quási poderá chamar-se um empréstimo sôbre penhores.

Sr. Presidente: não estou a fazer qualquer ataque ao Govêrno do Sr. Álvaro de Castro.

Não me importa nada a constituição governativa; o que me preocupa simplesmente é o bem da Nação. E tenho disso dado sobejas provas, pois a Câmara deve lembrar-se de que, tendo eu declarado ao actual Sr. Presidente da República que, embora tivesse elementos para governar, não queria continuar no Poder, não quis, todavia, colocar o supremo magistrado da Nação numa situação difícil, e dei-lhe o tempo necessário para S. Exa. arranjar um Ministério que substituísse o meu.

Fui eu quem lhe disse que se aconselhasse com todas as correntes de opinião política, porque eu sei bem as responsabilidades das pessoas que se encontram naqueles lugares.

Sr. Presidente: como parlamentar, devo dizer a V. Exa. e muito especialmente ao Sr. Presidente do Ministério e aos seus colaboradores, que estou absolutamente de acordo com todos os meus correligionários em tudo que se possa referir ao bem da Nação e que, só para êsse bem é necessário manter as autorizações dadas, não será o meu voto que se oporá à sua manutenção.

Estou convencido, assim como também o devem estar todos os homens da República, de que quando todos se congregarem sem pensar em clientelas, pensando só no bom da Nação, esquecendo a sua proveniência política e duma vez para sempre se fizer a tam ambicionada frente única, ter-se há concorrido duma maneira efectiva para o bem da Nação. Qualquer outra situação governativa, permitam-me o termo, de cacharoleto, não serve o Parlamento, não nos serve a nós e faz mal ao País.

Se fôr possível conseguir êsse alvejado fim, serei eu o primeiro a fazer o apelo a todos, absolutamente a todos, para que se encete essa obra. Tenho dito.

O orador não reviu.