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20 Diário da Câmara dos Deputados

Dois anos depois a mão justiceira dum grande libertador assassina Sidónio Pais. Em Janeiro de 1919 o negregado período dezembrista termina e a libra começa novamente a ir por aí fora até àquilo que é hoje, e que Deus sabe o que será amanhã.

Tem sido esta a obra da República. Agora digam-me V. Exa. as—aqueles que não sobrepõem o regime ao país — se o regresso à monarquia se impõe ou não. Sr. Presidente: eu disse, ao iniciar as minhas considerações, que iria ser breve. Vou efectivamente procurar fazê-lo, e terminaria já se não fôsse o desejo de me referir a um caso que se me afigura deveras importante.

Vou tratar dum dos maiores escândalos desta República, depois dos escândalos dos Transportes Marítimos, dos Bairros Sociais, dos trinta suplementos, da Exposição do Rio de Janeiro, do Lazareto e de tantos outros que são o pão .nosso de cada dia neste regime de democracia pura em que temos vivido há anos a esta parte.

O meu querido amigo e distinto correligionário Sr. Morais Carvalho já na última sessão se ocupou, e brilhantemente, do mesmo assunto.

Refiro-me às cambiais de exportação, que, devendo dar ao Estado avultados lucros, lhe têm causado prejuízos dalguns milhares de contos.

Onde estão e quem ganhou os 73:000 contos que faltam?

Como é que o Sr. Presidente do Ministério explica esta situação?

Isto é ainda pior que os escândalos da Exposição do Rio de Janeiro, que não são nada ao pé disto.

O país tem o direito de saber onde foram parar êsses milhares de contos de cambiais, e como é que a República pode vir pedir mais impostos quando desaparecem assim milhares de contos.

O Parlamento também tem direito a saber como isto é, e para isso devem-se publicar todas as contas, dizendo ao país toda a verdade.

Como é que, dando-se casos dêstes, o Sr. Presidente do Ministério publica decretos arrancando ao país dinheiro, e o Sr. Velhinho Correia vem aqui dizer a toda a hora que é necessário votar mais impostos?

Apoiados.

Onde está a moral da obra da República, e como é que Deputados Republicanos podem apoiar uma situação desta ordem?

Mas não admira que haja uma administração desta ordem, quando ainda há dias o Sr. Ministro das Finanças declarou que lhe rebentou em cima da sua secretária, como uma bomba, uma letra do milhares de dólares que não sabia que existia.

O país precisa saber tudo. Não é só lançar impostos, extorquir dinheiro, aniquilar a fortuna do particular, para certos indivíduos se locupletarem e viverem à custa dos sacrifícios do contribuinte.

É indispensável que o Sr. Presidente do Ministério esclareça tudo; o país tem. direito a exigi-lo

Tenho dito.

O discurso será publicado na integra, revisto pelo orador, quando, nestes termos, restituir as notas taquigráficas que lhe foram enviadas.

O Sr. António Maria da Silva: — Sr. Presidente: se tomo a palavra nesta discussão (e faço-o aborrecido), é para esclarecer certos pontos a que se aludiu durante a discussão.

Fez-se o empréstimo de 6 por cento ouro num Govêrno da minha presidência e não há dúvida que a responsabilidade é do Ministro das Finanças Sr. Vitorino Guimarães, mas nem por isso deixo do ter responsabilidade também.

Estou convencido de que esta medida é boa e foi a tentativa mais honesta e mais patriótica que a República podia realizar.

Os governos da minha presidência alguma cousa fizeram sôbre o assunto para melhorar a situação financeira, se bem que se tenha dito que trataram somente da ordem pública, o que aliás de toda a conveniência foi para o País, pois a verdade é que conseguiram manter a ordem, o garantir a estabilidade ministerial, o que alguma cousa é e do alguma cousa valeu para o País, tendo nós com isso, conseguido que o Presidente da República pudesse chegar ao termo do seu mandato.

Várias outras medidas tivemos ocasião de pôr em prática e temos der constatar que os homens da República que fizeram