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Sessão de 2 de Junho de 1924 7

O Orador: — Apesar de estarem senhoras na galeria, não acho que empregasse indevidamente essa palavra. Ela foi pronunciada por Cambronne e considerada por Vítor Hugo como uma das mais belas.

Vozes: — Não pode ser.

O Sr. Presidente: — Eu já pedi a V. Exa. para retirar essa palavra.

O Orador: — Eu peço a V. Exa. que me diga se essa palavra não está nos dicionários, da língua portuguesa.

Vozes: — Não pode ser.

Àpartes.

O Sr. Presidente: — Não é própria de V. Exa. nem do lugar em que estamos. Apoiados. Muitos apoiados.

O Orador: — Bem, Sr. Presidente, eu substituo a palavra que pronuciei pela palavra «lama».

E faço-o única e exclusivamente pela consideração que tenho pela Câmara. Sr. Presidente: êste decreto é positivamente lama atirada à cara da 5.ª arma.

Esta arma é composta por soldados que todos os dias, a todos momentos, estão fazendo sacrifícios.

Sr. Presidente: o lugar do Ministro da Guerra Américo Olavo é a dirigir a sua fábrica.

Aí terá mais competência.

O Sr. Ministro da Guerra (Américo Olavo): — Apoiado!

O Orador: — É bom que V. Exa. diga apoiado, pois reconhecendo isso revela o seu merecimento.

Êste decreto tem mais ainda o agravamento de ter sido feito às escondidas, jesuiticamente, sem ter nenhuma atenção pelo homem que dirigia essa arma.

Veja V. Exa. a atitude do Ministro da Guerra para com êste homem e para com outro que se chama Freitas Soares.

É uma verdadeira provocação à aviação.

Apoiados.

Veja V. Exa. qual é o procedimento do Ministro da Guerra e o dêsse cobarde
Freitas Soares, que continua na Escola de Guerra e não se quis bater comigo
quando outros o fizeram.

Não quero tomar mais tempo à Câmara e mando para a Mesa a minha

Moção

A Câmara dos Deputados, reconhecendo, que o decreto n.° 9:729, de 30 de Maio do corrente ano, ô inconstitucional, passa à ordem do dia.— O Deputado, António Maia.

O orador não reviu.

O Sr. Ministro da Guerra (Américo Olavo): — Sr. Presidente: esta questão é de uma grande simplicidade.

Em 25 de Junho de 1918 o Govêrno de Sidónio Pais publicou um decreto que não teve ainda bill de indemnidade.

Apartes.

O Sr. António Maia: — Haja a coragem de derrogar todos os decretos dêsse tempo.

O Orador: — Foram os próprios aviadores que solicitaram.

O Sr. António Maia: — Ainda bom que V. Exa. diz «solicitaram»; mas diga também quem foi que solicitou.

O Orador: — Foram os Srs. Freitas Soares e Helder Ribeiro.

O Sr. António Maia (interrompendo): — Quem informou V. Exa. errou.

Foi apenas solicitado o Sr. Freitas Soares.

O Orador: — É possível, mas a informação que tenho é de que tendo o Sr. Dr. Carlos Lopes, módico militar, declarado que o Sr. Freitas Soares estava impossibilitado de fazer vôos por motivo de saúde, fora alvitrada a nomeação para comando da aeronáutica, do tenente-coronel Sr. Helder Ribeiro.

Não há dúvida de que foi por solicitação da aviação militar que se nomeou um tenente-coronel que nunca tinha voado, nem poderia voar.