O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

10 Diário da Câmara dos Deputados

O Sr. Lopes Cardoso (para interrogar a Mesa): — Sr. Presidente: sôbre uma questão grave apresentou o Sr. António Maia uma moção que não foi admitida. Ora entende a minoria nacionalista fazer declarações severas e sinceras...

O Sr. Carlos Pereira (interrompendo): — A palavra é para fazer declarações ou interrogar a Mesa?

Protestos da minoria nacionalista.

A Presidência chama repetidas vezes a atenção da Câmara.

O Orador: — Sr. Presidente: não desejo falar por uma imposição da nossa parte; mas também não deixarei de falar por uma imposição da maioria, bata ela com quantas mãos quiser nas carteiras.

Apoiados das direitas.

Estou exactamente falando para pedir calma e não para irritar questões.

Apoiados.

Não podia o Partido Nacionalista, repito, ficar silencioso sôbre o que se passou nesta Câmara.

O Sr. Ministro da Guerra é um militar que nós respeitamos é um bravo militar e grande patriota, e quanto a mim é um amigo do exército. Por estas condições e que julgo que se devo falar com clareza.

O Sr. Presidente: — V. Exa. tinha pedido a palavra para explicações, e eu não podia dá-la por minha única deliberação.

Vou porém consultar a Câmara a êsse respeito; é o único caminho que tenho a seguir; porque de contrário era abrir um mau precedente.

O Sr. João Bacelar: — Que V. Exa. tem aberto muitas vezes!

Consultada a Câmara é autorizado 8. Exa. a usar da palavra para explicações,

O Sr. Lopes Cardoso (para explicações): — Sr. Presidente: agradeço muito à Câmara ter-me concedido a palavra neste momento. Preferia devê-la exclusivamente a V. Ex:a, não porque não tenha por toda a Câmara a maior consideração, mas porque, vendo V. Exa. todos os dias dar a palavra a tanta gente nas mesmas circunstâncias em que eu solicitei, entendia que era preferível V. Exa. dar-ma sem consultar a Câmara.

Portanto agradeço à Câmara o ter-me concedido a palavra.

Serei breve, mesmo muito breve, podendo assegurar ao ilustre Deputado que há pouco me interrompeu que as considerações que vou fazer não demorarão a discussão do orçamento pela qual S. Exa. tanto parece interessar-se.

Sr. Presidente: tem êste lado da Câmara dado ao Sr. Ministro da Guerra todo o apoio compatível com a sua situação de oposição.

Dele tem usado S. Exa. como entende.

É preciso porém que nos entendamos, precisando com clareza os termos em que êle é dado e até que ponto S. Exa. pode contar com êle.

Entre a aviação e as outras armas do exército esteve eminente, segundo o significou o Sr. Ministro do Guerra, um conflito de certa gravidade.

S. Exa. teve então ocasião de ver que a minoria nacionalista, longe de tirar do facto efeitos de natureza política, lhe deu todo o concurso para que êsse conflito fôsse solucionado ràpidamente, sem gravame para a disciplina militar e sem desprestígio de poder.

Pois no momento em que todos nós julgávamos que S. Exa. iria proceder com ponderação, removendo com serenidade e prudência alguns obstáculos que porventura surgissem, aparece S. Exa. com um decreto entregando a outra pessoa o comando da aviação, que estava a cargo do major Sr. Cifka Duarte, comando que êste oficial estava exercendo com aplauso não só dos seus camaradas, mas de todo o país, que tem acompanhado com entusiasmo a sua acção no raid dos gloriosos aviadores que vão a caminho de Macau.

Substituir nesta altura o nome de um republicano sincero e de um patriota ilustre sem um fundamento palpável, nem sequer uma simples satisfação, é...

O Sr. Lelo Portela: — Uma verdadeira provocação.

O Orador: — Se o não é, dá pelo menos essa impressão.

Em que situação fica o Sr. Ministro da Guerra depois dêste seu gesto e em que situação fica a Câmara que o apoia?