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Sessão de 2 de Junho de 1924 9

E se às outras armas faltam cavalos e espingardas, à aviação falta-lhe absolutamente tudo, porque é uma arma inteiramente nova.

Sr. Presidente: não quero alongar muito as minhas considerações; o meu vaticínio é êste: rira bien qui rira le dernier!

Ò Sr. Lopes Cardoso: — Peço a palavra para explicações.

O Sr. Presidente: — Não posso dar a palavra a V. Exa. para explicações.

O Sr. António Maia: — Se V. Exa. me dá licença ainda digo mais umas palavras.

O Sr. Presidente: — Fale V. Exa.

O Orador: — Ainda para provar a V. Exa. e à Câmara que poucas bases tinha o Sr. Ministro da Guerra para publicar o seu decreto, basta ler os seus considerandos, que são os seguintes:

Leu.

Oficiais de patente superior são majores, tenentes-coronéis, coronéis, etc.

Êste princípio estava já estabelecido, porque existem três oficiais superiores na aviação.

Mas porque se restringe a escolha do Sr. Ministro da Guerra?

É porque S. Exa. escolheu o major Sr. Aragão e êle teve a dignidade de não aceitar o cargo!

O Sr. Ministro da Guerra (Américo Olavo): — Não é verdade! Não convidei S. Exa., nem troquei com êle nenhumas palavras a êsse respeito!

O Orador: — O major Sr. Agatão foi convidado; e eu convido S. Exa. que venha aqui desmentir-me.

O Sr. Ministro da Guerra (Américo Olavo): — Faz V. Exa. muito bem. A única solicitação que recebi, e não de S. Exa. foi para êle comandar um grupo de esquadrões do cavalaria.

O Orador: — Foi êle próprio quem mo disse!

O Sr. Ministro da Guerra (Américo Olavo): — Isso é com V. Exa. e com êle!

O Orador: — Não, isso é com V. Exa. e com êle!

Mas ainda há mais. A aviação, que é uma parte do exército, precisa de ser comandada por um oficial superior; mas para se ser Ministro da Guerra qualquer major serve.

O Sr. Vitorino Godinho: — V. Exa. esquece-se de que a função do Ministro da Guerra é uma função civil.

Trocam-se àpartes.

O Orador: — Mas diz o Sr. Ministro da Guerra que a razão da sua última nomeação é porque a aviação tem muitos efectivos. Pois S. Exa. mento nesta afirmação...

Vozes: — Não pode ser, não pode ser!

O Sr. Ministro da Guerra (Américo Olavo): — V. Exa. tem a intenção de me provocar?

O Orador: — Tenho a intenção de dizer a verdade!

O Sr. Ministro da Guerra (Américo Olavo): — Se não fôsse Ministro da Guerra, V. Exa. é que não ficaria com êsse ar depois de empregar a palavra «mente».

O Orador: - Pois então, saia V. Exa. daí!

Vozes: — Não pode ser, não pode ser!

Protestos.

O Orador: — As verdades amargam...

O Sr. Carlos Pereira (interrompendo): — Sr. Presidente: o orador já não tinha terminado as suas considerações?

O Sr. Presidente: — Convido o Sr. António Maia a dar por findas as suas considerações.

O Orador: — Vou já terminar, dizendo que há unidades em grandes efectivos que podem ser comandadas por capitães; mas só a aviação que tem tam pequenos efectivos é que precisa de ser comandada superiormente por um coronel.

Tenho dito.

O orador não reviu.