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Sessão de 17 de Junho de 1924 27

'opiniões respeitáveis, porque são deliberações às quais devo todo o acatamento.

Sr. Presidente: o Sr. Deputado Rodrigues Gaspar entreteve-se, mais uma vez, a usar daquele bom humor, que conheço em S. Exa. lia muito tempo, que admiro, e que desejaria que S. Exa. tivesse sempre na apreciação de actos dos homens que, porventura, haja de discutir aqui no Parlamento.

Quis ver S. Exa. uma contradição profunda entre o que disse o Sr. Presidente do Ministério, numa das sessões passadas, e aquilo que se disse-na penúltima sessão desta Câmara.

O que eu disse continuo dizendo, isto é, que o Alto Comissário da província de Angola não mo fez solicitação nenhuma para ir desempenhar o cargo de Embaixador de Portugal em Londres.

Ninguém, Sr. Presidente, absolutamente ninguém, me solicitou que o Sr. Norton do Matos fôsse nomeado nosso Embaixador em Londres ou me manifestasse empenho nesse sentido.

Alguns jornais até se referiram à vinda a esta cidade, expressamente para êsse fim, do Sr. Dr. Afonso Costa.

Posso garantir à Câmara que, se bem que o Sr. Dr. Afonso Costa estivesse algum tempo comigo, me falou em tudo, menos no preenchimento do lugar de Embaixador de Portugal em Londres.

A verdade anda aos pontapés. Mostra-o bem o dizer-se que o Sr. Afonso Costa tenha vindo expressamente a Lisboa, a fim de conferenciar com o Ministro dos Negócios Estrangeiros, para lhe solicitar que o Sr. Norton de Matos fôsse nomeado nosso Embaixador em Londres.

Ao passo que alguns jornais disseram isto, outros afirmaram o contrário, dizendo que o Sr. Afonso Costa havia vindo a Lisboa para recomendar outra certa individualidade, visto que eu de modo algum desejaria que o Sr. Norton de Matos fôsse nomeado para êsse lugar, falando-se então no nome do Sr. Dr. Augusto Soares

O que eu posso assegurar à Câmara é que nem uma nem outra versão são verdadeiras.

Ninguém, absolutamente ninguém, me fez nenhuma solicitação; apenas eu, convencendo-me de que o Sr. Norton de Matos não desejava continuar em Angola,

por várias razões, e não o podendo obrigar a lá estar, pensei em o nomear Embaixador de Portugal em Londres, visto S. Exa. ter na verdade, como tem, um grande prestígio em Inglaterra.

Foi esta a razão por que o nomeei para êsse lugar, entendendo que tinha feito uma boa escolha, estando longe de imaginar que tal nomeação poderia levantar, como levantou, no Parlamento, uma tempestade tam grande.

Continuo convencido de que o Sr. general Norton de Matos prestará no seu lugar de embaixador do Portugal em Londres os melhores serviços ao país.

É a minha opinião. É uma opinião pessoal. Bem sei que poderá haver quem tenha opinião contrária, mas não posso guiar-me pela opinião dos outros para praticar actos da minha responsabilidade, além de que não me é dado adivinhar a opinião dos outros para por ela me deixar influir a respeito das deliberações que tome.

Como Ministro dos Negócios Estrangeiros, escolhi para o cargo de embaixador de Portugal em Londres o Sr. general Norton de Matos, porque reconheço que S. Exa. possui os requisitos precisos para me dar a garantia de que exercerá as altas funções daquele pôsto com, todo o brilho para a nossa Pátria. S. Exa. tem a recomendá-lo as suas já hoje incontestáveis qualidades de inteligência, de energia e de patriotismo, puis sobejamente-as tem evidenciado nos serviços que prestou ao país, e que obtiveram a consagração do Parlamento e dos Governos.

E não obstante estas qualidades que distinguem S. Exa., outra condição se me impôs: a de S. Exa. gozar nos meios oficiais de Londres dum grande prestígio...

O Sr. Ferreira da Rocha (interrompendo): — V. Exa. antes de fazer a nomeação deu conhecimento aos seus colegas do Gabinete, em Conselho de Ministros, de que tencionava colocar o Sr. Norton de Matos no lugar de nosso embaixador em Londres?

O Orador: — Não, senhor.

O Sr. Ferreira da Rocha: — Pois, se o tivesse feito, estou certo de que obteria elementos que lhe dariam indicação contrária aos seus propósitos.