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22 Diário da Câmara dos Deputados

que consulte a Câmara sôbre se permite a prorrogação da sessão até êle findar.

Consultada o Câmara, foi aprovado o requerimento.

O Sr. Presidente: — Pode V. Exa. Sr. Portugal Durão, continuar no uso da palavra.

O Orador: — E necessário que, de acordo com o Concelho Legislativo, o Sr. Alto Comissário, depois de ter percorrido toda a província, averiguado das suas necessidades o dos seus recursos, depois do ter visto com os seus próprios olhos, elabore então um plano de obras a realizar. Só então é que S. Exa. deve pensar em empréstimos e não se meter desde já em aventuras de 31:000 ou 18:000 contos para empregar em cousa que pessoalmente não conhece.

Deve S. Exa. ir prevenido contra o grande perigo de, à chegada a Lourenço Marques, se deixar arrastar pela opinião local. Nós temos tido toda a província subordinada a Lourenço Marques e esta financeira, e economicamente subordinado ao Transvaal e para a manutenção desta situação se deixam arrastar todos os governadores. Chegados a Lourenço Marques, encontrando-se numa cidade linda que verdadeiramente honra a nossa obra de colonizadores, são levados a imaginar que toda a província é Lourenço Marques è daí a tendência para se deixarem dominar pela política mineira do Transvaal.

Em virtude do resultado das últimas eleições vai naturalmente ser chamado ao poder um partido que tem advogado a conclusão da mão de obra portuguesa, e é necessário fazer aquilo que há muito tempo já devíamos ter feito, isto ó, dispor as cousas para empregarmos na província todos os milhares de trabalhadores-que durante tantos anos têm ido enriquecer o Transvaal.

Mas não são necessárias grandes obras de fomento e como as não há eu não vejo inconveniente algum em que seja votada a emenda do Senado, e porque de certo a província também não está em condições de suportar grandes encargos.

Nada de grandiosos planos, nada de fantasias como nos caminhos de ferro de Inhambana, Lourenço Marques, já ligados pelo mar, e tantas outras em que ouço falar.

Precisamos, sim, e sem demora, pagar o que devemos em Moçambique, precisamos fazer aquelas obras que se tornam indispensáveis à valorização da província pelo capital privado.

Não me referirei à proposta do empréstimo apresentada pela casa Armstrong.

Trata-se tam somente duma proposta que não está em discussão e que na sua fórmula definitiva, se lá chegar, deve ser apreciada pelo Conselho Legislativo.

Para sua apreciação confio nela como confio no Alto Comissário da província.

Sr. Presidente.: vou concluir. A província vai dar sozinha os seus primeiros passos no mundo, vai iniciar a sua convivência com a finança internacional, e, como a um filho que pela primeira vez sai da casa paterna, eu darei um conselho: tenha cuidado, nada faça sem um estudo meticuloso, nunca será por demasia prudente, mas, se chegar a comprometer a sua palavra, adopte a divisa honesty is the best policy, a honestidade é a melhor política; os compromissos tomados devém ser religiosa e indefectívelmente cumpridos.

Tenho dito.

O Sr. Ministro das Colónias (Mariano Martins): — Sr. Presidente: em Dezembro do ano passado, foi apresentada uma proposta nesta Câmara, e que entrou logo em discussão, concedendo autorização para ser contraído um empréstimo pela província de Moçambique.

Essa proposta teve discussão, foi aprovada, foi para o Senado, onde lhe introduziram as emendas que se discutem agora nesta Câmara.

A comissão de colónias, no seu parecer, aconselha a Câmara a que aceite as emendas vindas do Senado.

Aproveitou o Sr. Ferreira da Rocha esta ocasião para fazer algumas considerações sôbre a autonomia das colónias, apresentando pontos interessantes, com os quais estou de acordo.

Eu vou também fazer a êsse propósito algumas considerações.

Assim, eu digo, como o Sr. Ferreira da Rocha, que nas colónias não existe autonomia administrativa, só existe uma descentralização administrativa.

Era necessário que as colónias tivessem uma independência, que realmente