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Sessão de 26 de Junho de 1924 31

exigências do País, passa à ordem do dia.

Em 26 de Junho de 1924.— O Deputado, Vitorino Guimarães.

Sabe V. Exa. que foi de surpresa que se abriu êste debate, motivado pela saída do Sr. Nuno Simões do Govêrno. Esse facto colocou-me numa certa dificuldade para falar neste momento.

Tem o Partido Republicano Português dado o seu apoio à obra do Govêrno; mas êste partido não pode concordar inteiramente com a forma como foi apresentada pelo Sr. Presidente do Ministério a resolução da crise aberta pela saída do Sr. Dr. Nuno Simões. Não abandonou S. Exa. o poder nem por falta de saúde, nem por incompatibilidades com os seus colegas do ministério, nem tam pouco por qualquer voto da Câmara.

Foi explicado, quer pelo Sr. Presidente do Ministério, quer pelo Sr. Nuno Simões, que êste último saiu do Ministério por reconhecer nada poder fazer do útil e profícuo para o país. Ora é fora de dúvida que, perante esta afirmação, a situação do Govêrno ficou completamente modificada, segundo o nosso critério. Além disso, quere-me parecer que a resolução da crise foi imperfeita, e nas palavras que vou pronunciar, nem o meu querido amigo Helder Ribeiro, nem a Câmara podem ver menos consideração por S. Exa., porque reconheço o seu valor e competência, além de me ligar a S. Exa. uma velha e sólida amizade. Mas nós temos que ver, acima de tudo, os interêsses do país.

Efectivamente, não deixando de reconhecer competência que a tem, nem inteligência que a possui, nem qualidades de carácter e honestidade que o exornam, ao meu amigo Helder Ribeiro, para desempenhar as funções de Ministro do Comércio, todavia, nós não podemos ver bem a entrada de S. Exa. para esta pasta, tanto mais que não entrou como efectivo, mas como interino, quando S. Exa. tem já a seu cargo uma pasta; que é a da instrução, que não deixa de ter uma grande responsabilidade, e que, para ser bem desempenhada, precisa de todas as atenções do Ministro, por maiores que sejam as suas qualidades, de trabalho, como são as do Sr. Helder Ribeiro.

Apoiados.

Assim, não podemos ver como boa essa solução; e, além disso, também nos quere parecer que, desde que saiu um Ministro, talvez houvesse vantagem de ordem política em que, realmente, uma remodelação maior tivesse sido feita, de modo a dar ao Govêrno uma maior eficácia e prestígio para bem poder desempenhar a ingrata missão de que está incumbido.

Apoiados.

Eram estas as declarações que queria fazer e acentuar que não está o Partido Republicano Português, de modo algum, arrependido do apoio que tem dado ao actual Govêrno.

Apoiados.

Se, efectivamente, com algumas medidas dos seus membros tem discordado, tem sido em detalhe; nunca com os homens do Govêrno se levantou qualquer incompatibilidade de ordem pessoal e nunca da nossa parte deixámos de reconhecer a todos os Srs. Ministros o grande desejo que tinham de bem servir a Pátria e a República.

Apoiados.

Tenho dito.

O orador não reviu.

É lida e admitida a moção do Sr. Vitorino Guimarães.

O Sr. Nuno Simões: — Sr. Presidente: não era intenção minha intervir neste debate, porque as declarações do Sr. Presidente do Ministério deviam ter bastado para quem não quisesse fazer especulação política (e a muitas pessoas bastaram), a fim de que não fôsse necessário insistir em circunstâncias que a nada vinham ao debate, e que, tratando-se dum assunto em que não deve ser excluída a lealdade política, de modo nenhum podem prestar-se a duas interpretações. Mas já que à discussão fui chamado pelo Sr. Vasco Borges, não quero deixar de agradecer as palavras de apreço que me foram dirigidas por todos os lados da Câmara e que demonstram a generosidade com que os meus poucos serviços ao país são julgados.

Também não quero deixar de constatar — e faço-o com prazer — que ao Sr. Helder Ribeiro, que foi escolhido para me substituir na pasta do Comércio, foram prestadas justas homenagens. E digo «justas», porque S. Exa. é na política