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Sessão de 26 de Junho de 1924 25

e viu-se que a sua contextura tinha um propósito determinado.

Para que a análise completa dessa obra se faça e se possam tomar responsabilidades a S. Exa., e fazer-lhe justiça, é necessário que ela tenha um desenvolvimento completo.

Nesse sentido é a minha moção, que exprime o modo do sentir também de muitos Srs. Deputados.

Todo êste incidente que discutimos é feito em volta duma crise parcial no Govêrno, devendo assim o Sr. Presidente do Ministério aproveitar o ensejo para formar um novo Govêrno que lhe garanta a continuação da sua obra e para que S. Exa. forme um Govêrno a fim de, sem agravo para ninguém, é possa, como afirmei, desenvolver aos olhos de todos nós a sua obra, tendo o tempo suficiente para lhe dar exeqüibilidade, o que sempre tem faltado aos governos da República.

De maneira que repilo todas as afirmações que foram feitas quando li a minha moção, na intenção do se ver nela qualquer menos consideração para com os restantes membros do Ministério. O Sr. Álvaro de Castro, se a Câmara votar a minha moção, apreciará o seu conteúdo e resolverá como entender no seu alto espírito.

Tenho dito.

É lida na Mesa a moção e admitida pela Câmara.

O Sr. Carvalho da Silva: — Sr. Presidente: tendo pedido a palavra sôbre a ordem, começo por mandar para a Mesa a minha moção que é a seguinte:

A Câmara, reconhecendo que a política do Govêrno, e designadamente a sua política financeira, tem sido extremamente perniciosas para a Nação e sobretudo para o crédito do Estado, passa à ordem do dia.

26 de Junho de 1924. — O Deputado, Artur Carvalho da Silva.

Sr. Presidente: é costume dizer-se: «não ponham mais na carta que já se percebeu tudo»! Assim se pode dizer também depois da moção enviada para a Mesa pelo Sr. Tôrres Garcia. Trata-se duma crise ministerial, mas duma crise ministerial republicana; não duma crise para satisfazer a opinião pública, mas mais duma crise do «tira-te de lá tu, para lá me pôr eu»! Trata-se de mais uma crise em que se esquece tudo, desde a obra do Govêrno em matéria do crédito do Estado, contribuições e finanças, até a sua política que só serviu para agravar cada vez mais a situação desgraçada do país.

Aí está a atitude da maioria, essa maioria que se cala sem entrar na discussão dos problemas de interêsse nacional, e que só fala hoje para fazer sair os Ministros que pouco fizeram, cuja obra é nula, mas que mantém o Sr. Presidente do Ministério com a sua nefasta obra, para que faça uma recomposição que lhe permita dizer: «são tantos Ministros para vocês e tantos para mim»!

São assim as reclamações da maioria democrática, não atendendo a que tem mantido nas cadeiras do poder um homem que não tem feito senão derrogar a obra do seu leader, o Sr. António Maria da Silva, e obrigada ela própria a faltar às promessas do seu partido!

Isto, depois de todas as reclamações e de todos os protestos que se têm levantado aqui e lá fora contra a obra verdadeiramente perniciosa do Govêrno do Sr. Álvaro de Castro, anunciando-se já outras medidas excepcionais sôbre as sociedades anónimas.

Não, Sr. Presidente, isto não pode ser; pois a verdade é que se torna necessário levar a tranqüilidade a todo o País, que está reclamando contra a obra verdadeiramente perniciosa e nefasta do Sr. Presidente do Ministério, a qual se deve em grande parte à maioria parlamentar, que assim tem desprezado os legítimos interêsses do País.

O actual Govêrno, Sr. Presidente, com o apoio da maioria, não têm feito outra cousa senão agravar cada vez mais a situação em que nos encontramos, criando conflitos de toda a ordem, como o dos Correios e Telégrafos (que tão graves prejuízos está causando ao País, e que continuará a causar, visto que nós sabemos muito bem que o Govêrno que fica é o mesmo do roubo aos credores do Estado, dos aumentos do circulação fiduciária, da venda da prata e dos títulos-ouro, das falsas reduções de despesas, do as-