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Sessão de 26 de Junho de 1924 21

hoje no órgão oficioso do Govêrno e da Moagem, ameaçar-nos com a ditadura, se o Parlamento não lhe votar o que êle quere.

Saiba o Sr. Álvaro de Castro que nós não temos medo nem do Govêrno. E pregunto a S. Exa. Como se explica que tenha sido o chefe da revolta em Santarém,em defesa da Constituição?

A proposta não representa mais do que 12 duodécimos, e sobretudo equivale a um precedente terrível.

Aprovada ela, nunca mais serão discutidos os orçamentos, abdicando-se assim da primacial função do Parlamento.

A proposta é manifestamente inconstitucional

Entrou um dia aqui um batalhão de quinze garbosos rapazes, vindo à frente deles o Sr. Alberto Xavier, e desfraldou o estandarte de defesa da majestade «augusta» da Constituição e do prestígio do Parlamento.

Pois o Sr. Alberto Xavier foi lá para fora esfarrapar o estandarte, e é o principal auxiliar da escandalosa obra ditatorial do Govêrno. Isto é assombroso!

Não terminarei sem manifestar o meu regozijo pelo facto de ter provocado êste debate político, que certamente vai originar a queda do Govêrno.

O Sr. Tavares de Carvalho (para um requerimento): — Requeiro que seja prorrogada a sessão, com prejuízo da segunda parte da ordem do dia, até se votar o assunto em discussão.

Foi aprovado.

O Sr. Velhinho Correia: — Começo as minhas considerações por dizer que em todas as circunstâncias da minha vida tenho o orgulho de tomar sempre a responsabilidade dos meus actos.

É assim que eu tenho defendido a política financeira do Govêrno.

Sr. Presidente: tenho defendido em todas as circunstâncias as propostas apresentadas pelo Govêrno, tendo tido a lealdade de declarar os detalhes com que não tenho concordado.

Neste momento, que considero gravíssimo para a vida portuguesa, em que me parece que a vida do Govêrno chegou ao seu termo, entendo que devo dizer o que penso sôbre o que se vai passar.

Sr. Presidente: todos os homens que andam na política compreendem a minha atitude.

Eu já tive ocasião dizer que trabalhei pela República, antes da sua fundação.

Dela nada tenho recebido e dela nada preciso.

Sr. Presidente: é um êrro grave deitar a terra o Govêrno, é um êrro grave prejudicar a continuidade da obra financeira do actual Sr. Ministro das Finanças, pois a verdade é que o Sr. Ministro das Finanças nestes últimos tempos de vida financeira da República veio marcar uma situação nova.

O Sr. Ministro das Finanças, desde que apresentou a esta Câmara o seu plano financeiro, mostrou-nos logo a possibilidade de uma vida nova, muito diferente na verdade, daquela que se tem seguido até hoje.

S. Exa. mostrou-nos um novo caminho em matéria financeira, razão por que eu digo, e torno a dizer, que deitar a terra o Govêrno neste momento é um êrro grave, direi até gravíssimo.

Sr. Presidente: eu vou dizer algumas palavras sôbre os números dêste relatório; pois a verdade é que não chego a compreender a ironia com que êles foram apreciados por alguns dos Srs. Deputados que os conhecem tam bem como eu, e sabem que êles representam a expressão da verdade.

Sr. Presidente: isto faz-me lembrar, nem mais nem menos, o que em tempo se passou com um grande homem da República, um dos primeiros políticos, o Sr. Afonso Costa, que na verdade conseguiu fazer o equilíbrio das finanças públicas, que na verdade conseguiu manter êsse equilíbrio financeiro durante dois anos, obra essa que na verdade, e infelizmente, não teve continuidade, apesar dos grandes talentos que têm passado pela pasta das Finanças.

O Sr. Hermano de Medeiros: — Incluindo V. Exa.

O Orador: — Eu, Sr. Presidente, não falo da minha pessoa, pois a verdade é que se não me conto no número dêsses grandes talentos, o que é facto é que sou um homem que estou habituado a estudar e a trabalhar, só sabendo dizer o