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Sessão de 30 de Junho de 1924 15

vás explicações da minha parte, tenho a declarar que já dei as que tinha a dar.

O Orador: — Não só estive presente na sessão de sexta-feira como me recordo de ter apoiado as considerações que V. Exa. fez a propósito da honorabilidade do Sr. Dr. Álvaro de Castro.

Foi apenas incidentalmente que ao caso me referi neste momento sem desejar chamar V. Exa. à barra para dar novas explicações.

Sr. Presidente: eu creio que a frase proferida pelo Sr. Cancela de Abreu foi com efeito ama frase determinada por um impulso de momento, por um sentimento excessivo, frase inconveniente sem dúvida, frase som dúvida de repelir, frase que à dignidade do Parlamento, à dignidade de todos os seus membros, e à dignidade, estou certo, do próprio Sr. Cancela de Abreu, convém que seja rectificada. Mas, Sr. Presidente, o Sr. Cancela de Abreu, êle próprio, já fez declarações em termos de tornar inconsistente a sua afirmação, de tornar inconsistente a sua frase.

Declarou S. Exa. que não tinha em vista referir-se ao Poder Legislativo nem a qualquer membro do Poder Executivo; somente não se referiu S. Exa. ao Poder Judicial; e como por outro lado também aqui já se falou em impunidade para criminosos, podendo esta omissão dar lugar a poder supor-se que efectivamente a responsabilidade caberia ao Poder Judicial, apesar de estar convencido de que não foi êsse o pensamento de S. Exa., todavia, como membro que muito me honro de ser do Poder Judicial, parece-me justificado, pelo que respeita a êsse Poder do Estado, varrer a testada de tal afirmação.

Sr. Presidente: o Sr. Cancela de Abreu é o primeiro a declarar que a sua frase foi mal interpretada, mas, Sr. Presidente, se a frase de. S. Exa. era susceptível duma má interpretação, podemos pensar e concluir que ela foi uma frase infeliz, e então, se se trata duma frase infeliz, se se trata duma frase a que o próprio Sr. Cancela de Abreu claramente atribui uma outra interpretação e outro intuito, pode S. Exa. retirar a má interpretação que essa frase pôde ter para deixar ficar â interpretação exacta que lhe atribuiu.

Sr. Presidente: sou amigo pessoal do Sr. Cancela de Abreu; em relação a S. Exa. como em relação a qualquer outro dos meus amigos nunca desejaria vê-lo colaborar numa situação de desprimor, de vexame, e porque o não desejo é que permito proferir estas palavras.

Entendo que o Sr. Cancela de Abreu não se deminuiria; pelo contrário, mais uma vez autenticaria a sua correção de proceder, mais uma vez autenticaria de que natureza é a sua educação, retirando a sua frase que manifestamente foi infeliz até porque não correspondeu ao pensamento de S. Exa., para apenas deixar ficar aquela interpretação que S. Exa. lhe deu.

Creio que nestes termos se poderia liquidar êste incidente com enaltecimento para S. Exa., com prestígio para a Câmara, que S. Exa. decerto, como membro do Poder Legislativo não deseja por modo algum que saia daqui diminuído.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Presidente: — Chamo a atenção da Câmara.

Em face do debate e a despeito de opiniões largamente expressas por todos os Srs. oradores eu continuo a não julgar suficientes as explicações do Sr. Cancela de Abreu.

Não compreendo como S. Exa. dizendo duma maneira clara e peremptória, que com a sua palavra não queria atingir nenhum dos homens representativos do regime, nem parlamentares nem Ministros, não compreendo como S. Exa. queira manter a frase que proferiu.

Se S. Exa. não tinha intenção alguma de lançar a menor injúria sôbre os homens ou organismo a quem está entregue a administração do país, e, simplesmente se queria referir a quaisquer pessoas que tenham prevaricado tanto nos Bairros Sociais como nos Transportes Marítimos e Exposição do Rio de Janeiro, não compreendo como S. Exa. queira manter a frase debaixo dêste aspecto.

Por estas razões, repito, não julgo suficientes as explicações de S. Exa.

Como a Câmara me confiou a solução dêste conflito em que se manifesta divergência de opiniões, e como no desempenho dêste lugar me compete traduzir o pensar da maioria da Câmara, entendo dever consultá-la sôbre se julga ou não