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10 Diário da Câmara dos Deputados

mas a todos os republicanos, que não aceitam de S. Exa., nem da minoria monárquica, quaisquer lições de honestidade, porque não se habituaram a aceitá-las da monarquia, quando ela foi regime entre nós.

Apoiados.

Mas a frase do Sr. Cancela de Abreu assume mais insólito aspecto se a relacionarmos com aquilo que se está fazendo lá fora, se a cotejarmos com essa lastimável sessão da Associação Comercial de Lisboa, em que o Sr. Schroeter, que foi, se não estou em êrro, uma das figuras representativas do Sr. João Franco, se esqueceu que, por muito menos do que êle disse, foi dissolvida a Associação Comercial do tempo.

Apoiados.

Não nos importa agora considerar as explicações do Sr. Cancela de Abreu; o que nos importa considerar é o momento, é a ligação que estas cousas têm com o que se passa lá fora, procurando-se fazer o desprestígio do Parlamento e da República, para se entregar o País nas mãos inexperientes, para não dizer outra cousa, de pessoas que muitas vezes costumam confundir os seus interêsses com os do Estado.

O que hoje o Sr. Cancela de Abreu afirmou tem lá fora a reforçá-lo o pensamento duma Associação Comercial, em que um dos seus elementos se permitiu já, não só considerar incompetentes os homens da República, ou fazer insinuações sôbre a sua honorabilidade, mas quási pretender impor à República que abstraísse da ,sua função, para se substituir por um regime de pessoas cuja idoneidade, sob o ponto de vista político, para mão abordar outros aspectos, tem muito que discutir.

Apoiados.

Eu sei que alguns republicanos desta Câmara têm proferido muitas palavras imprudentes.

Sei que alguns republicanos - e isso mais é de lastimar — têm aqui proferido palavras de que deviam abster-se.

Esta situação de alguns republicanos que não ligam às palavras que dizem o valor que elas deviam ter, tem permitido aos inimigos das instituições Jazer juízos que, se não nos deprimem, nos vexam a todos.

Mas a circunstância dos republicanos abusando duma, autoridade moral que possuem, pelos serviços que têm prestado, mas que não é outorgada pelos serviços que deviam prestar, usarem dessas palavras, não dá direito aos inimigos das instituições, não com o desejo de corrigirem e fiscalizar, mas com o propósito de desprestigiarem e aniquilarem, de fazer aquilo que estão fazendo.

Pela minha parte protesto, tanto mais que não costumo pôr, sequer, em jôgo a honestidade das pessoas cujos actos critico, muito embora não sejam republicanas.

O Sr. João Camoesas: — Concordo com as considerações de V. Exa., excepto num ponto: é que não podemos assemelhar as expressões do Sr. Cancela de Abreu com as de vários republicanos.

Dentro do ponto de vista crítico está bem, mas dentro do ponto de vista moral, dizendo S. Exa. que a sua frase não dizia respeito a qualquer dos Governos da República, nem a qualquer Deputado, não pode pôr-se em paralelo com as que os republicanos aqui têm proferido.

O Orador: — Efectivamente há que considerar a finalidade com que as cousas se dizem e os antecedentes com que elas se proferem.

Por mim, usando da palavra, quis apenas formular o meu protesto contra êste sistema de ataque, que não honra ninguém, e que eu esperava que o Sr. Cancela de Abreu, numa prova de correcção que eu supunha, até há pouco, estar dentro dos seus hábitos, não empregaria dentro desta casa do Parlamento. Mas fique a frase com S. Exa. porque, como aqui se disse, as injúrias só tem o valor das pessoas que as proferem.

A injúria fique com S. Exa. por que só o desprestigia a si.

Apoiados.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Sá Pereira: — Sr. Presidente: muito serenamente, pesando todas as palavras que vou proferir, devo dizer que entendo ser minha obrigação declarar a V. Exa. que êste assunto precisa de ficar perfeitamente a claro.

Apoiados.