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8 Diário da Câmara dos Deputados

O Sr. Cancela de Abreu, que se tem prometido usar e abusar da quási licença que lhe temos dado, na cegueira do seu faceio sismo, nem sequer vê que desprestigiando o Parlamento a que pertence, se, desprestigia a si próprio.

S. Exa., porém, esquece-se de que nós temos sanções contra os seus desmandos, e de que estamos dispostos a usar delas sempre que tal se torne necessário.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Carlos Pereira: — Sr. Presidente: a frase, as explicações da frase, visam ainda baixos intuitos políticos, política que se faz calcando a sensibilidade dos outros, começando por amarfanhar a própria honra pessoal.

Evidentemente que os aqui estão dentro, pelas suas relações políticas ou porque intervieram já na administração pública, foram atingidos pela frase de que o País estava entregue a uma quadrilha de ladrões. E, tam irreflectido foi S. Exa. na sua frase, que se esqueceu de que evidentemente se nivela com êles.

Vieram as explicações de ordem política, que só servem para deminuir-nos lá fora, preguntando-se até se S. Exa. pretendia atingir alguns grandes homens da República, figuras prestigiosas no nosso meio político.

Mas, Sr. Presidente, que me importa a mim o prestígio dos grandes homens se eu prezo por igual o prestígio do «pé descalço» que no dia 5 de Outubro andou de carabina ao ombro, se a honra dêsses vale para mim tanto como a dos vultos prestigiosos do meu país?

Muitos apoiados.

Não tem infelizmente sanção expressa o Regimento.

Pode, porém, cada um de nós tomar a sanção que julgue conveniente para aqueles que julgando deminuir os outros, somente se deminuem a si próprios.

Sr. Presidente: se as explicações do Sr. Cancela de Abreu não forem mais além das já apresentadas, eu declaro terminantemente que elas não me satisfazem.

Eu esperei que a questão fôsse posta por êste lado da Câmara em termos claros e precisos; mas o Sr. António Maria da Silva ao falar, não o fez como leader, porque S. Exa. somente, ergueu a voz por uma referência pessoal que lhe foi feita. E, Sr. Presidente, maldito leader seria êle, malvado leader, se ficasse satisfeito com as vagas explicações que amanhã hão-de ser atiradas para as parangonas dos jornais, com o fim de atacar as instituições e os seus homens, inclusivamente aqueles que, apesar de pequenos, são capazes de dar à República e à Nação toda a dedicação e até a própria vida.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. António Correia: — Sr. Presidente: porventura algumas das sessões tumultuarias que precederam a queda do Sr. Álvaro de Castro, permitiram que neste Parlamento se usassem expressões que não são próprias da primeira assemblea do País.

E, Sr. Presidente, digo com sincera mágoa que os exemplos do nosso colega da Câmara que se afastou voluntariamente dos trabalhos parlamentares, pelo emprego de expressões ultrajantes, têm frutificado de tal maneira que mais vêm contribuindo para a obra, de descrédito daqueles que nela pretendem envolver o Parlamento da República.

As expressões ofensivas têm vindo, passo a passo, a ser pronunciadas nesta casa, transformando-se já, como no caso presente, em ofensas dirigidas à honra e honestidade dos membros do Parlamento.

O Sr. Cancela de Abreu, empregando a palavra de que usou para criticar a administração republicana, envolveu no significado de ladrões todos os membros do Poder Executivo.

Para mim não pode ter outra interpretação a expressão de S. Exa.

Sr. Presidente: estou no princípio da minha vida, sou novo mas costumo sacudir, com muita dignidade e com muito brio, as ondas de lama que porventura alguém pretenda lançar sôbre mim.

Não estou disposto a consentir que sôbre o meu nome caiam salpicos de lama, partam donde partirem, apesar de saber que não ofende quem quero.

Não me satisfazem as explicações do Sr. Cancela de Abreu, e, como não estou aqui para defender a gamela, visto que não tenho qualquer benesse do Estado,