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Sessão de 4 de Agosto de 1924 11

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Transporte

Vendedor Matias dos Santos (desconhecido):

Junho:

Total

O corretor da Bolsa. Sr. Augusto Plácido, foi o intermediário da compra dos títulos.

Mas quem foi que, realmente, os comprou?

Precisamos de saber tudo, e que apareça o documento de venda dêsses títulos. Creio que não aparece nenhum, e precisamos saber quem os vendeu.

Depois temos de verificar os números dos títulos que estão na posse da Caixa Geral de Depósitos e na secção de câmbios.

Sabido isso, o Sr. Ministro das Finanças deve pedir ao Sr. Presidente do Ministério que dê ordem à polícia de investigação criminal para apreender êsses títulos.

Feito isto, é mester averiguar no livro de corretagem do corretor Plácido os números dos títulos vendidos e a quem foram vendidos.

A polícia, em vinte e quatro horas, tudo deve averiguar, e o Sr. Presidente do Ministério deve vir aqui provar que o facto não é verdadeiro ou dizer que o é e que os culpados estão na cadeia.

Não sei se a Câmara reparou nas duas entidades que intervieram na operação.

Não se compreende que se tivesse procedido de tal modo, se a Caixa Geral de Depósitos queria comprar títulos.

Essa instituição é do Estado e o Estado não pode ser prejudicado por se fazer uma operação que não deu os lucros que devia dar.

Não há da minha parte outro intuito senão esclarecer a verdade e que ela se esclareça por investigações policiais que eu peço, e em vinte e quatro horas a polícia poderá informar o Sr. Presidente do Ministério que, no caso. de os factos serem verdadeiros, poderá vir aqui dizer que os criminosos serão metidos na cadeia, seja qual fôr a sua categoria social.

Tenho dito.

O discurso será publicado na íntegra, revisto pelo orador guando, nestes termos, restituir as notas taquigráficas que lhe foram enviadas.

O Sr. Ministro das Finanças (Daniel Rodrigues): — Sr. Presidente: é a primeira vez que tenho a honra de falar respondendo a considerações feitas pelo Sr. Cunha Leal e tenho o sagrado dever de ajustar umas pequenas contas com S. Exa., contas de gratidão pelas opiniões que a meu respeito expôs quando foi da apresentação ministerial a esta Camarão

S. Exa. repôs o meu passado com elogios que não mereço.

Sr. Presidente: é próprio de todos os portugueses na juventude cometer erros em matéria de versos, com os quais querem definir as suas paixões.

Desculpe a Câmara referir-me a mim mesmo, mas todos os que levaram uma vida de rapaz amante me devem compreender.

Não repugna dizer que amámos a liberdade.

Aos 18 anos não é para admirar que um português faça versos mais ou menos mancos, e que cometa delitos de ordem mais ou menos exagerada.

Nesse ponto fui português, não renegando o meu passado, devendo acrescentar que penso hoje como pensava então, mas com uma diferença.

Quando rapazes, nós vamos atrás da idea, e temos ilusões, mas hoje em virtude da minha idade, sou obrigado a ser ponderado.

Todavia, se voltasse aos dezoito anos, reincidiria no mesmo crime de métrica.

Sr. Presidente: entretanto agradeço as palavras do Sr. Cunha Leal.

O Sr. Cunha Leal (interrompendo): — Eu não citei os versos de V. Exa. para o deprimir, num unicamente para completar o perfil da sua personalidade.

O Orador: — Era exactamente por isso que eu queria ajustar estas pequenas contas de gratidão com V. Exa.

Mas, referindo-me ao assunto versado