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24 Diário da Câmara dos Deputados

O Sr. Carvalho da Silva (interrompendo): — O que V. Exa. também podia dizer era corpo os automóveis vão buscar os Srs. Deputado?

Risos.

O Orador: — Isso é processo que eu Dito posso ver daqui...

Destas divagações, afinal, alguma cousa resulta, porque nós falamos para a história.

O Sr. Carvalho da Silva: - Não é «divagar»; é «devagar»...

O Sr. Júlio Gonçalves: — V. Exa., a falar, segue a mesma evolução que segue no Direito...

O Orador: - Eu procuro sempre ajustar os factos às palavras, e mal vai a todos nós só não dermos às palavras fé. Há uma lição do Evangelho que diz que «são mortas as palavras sem fé».

O Sr. Júlio Gonçalves: — É do latim...

O Orador: — Vejo que V. Exa. afinal, ainda é mais eclesiástico do que eu.

Mas se a fé sem obras é uma fé morta, as palavras sem obras é que se podem considerar como palavras loucas. As ditas aqui não podem ser loucas.

O Sr. Júlio Gonçalves: — No dia de hoje, por via de regra, praticar actos é uma cousa que não traz resultado prático; agora fazer afirmações é que fica.

O Orador: — Ainda hoje, precisamente no Parlamento, nos últimos momentos, antes de se encerrar a sessão, houve alguém que afirmou aqui que era necessário que nós todos tivéssemos a responsabilidade do que aqui dizemos e fazemos, e V. Exas. viram que houve quem aprovasse certas doutrinas que primitivamente tinha rejeitado.

O Sr. Portugal Durão declarou que estava cansado.

O Sr. Portugal Durão (em àparte): — Como eu não Aprovo senão cousas claras, não podia aprovar isso.

O Orador: - Mas V. Exa. dá-me licença?

Eu julgo V. Exa. por mim, e creia, V. Exa. que não perde nada por isso.

Porque eu sou duma grande exigência pára comigo, tenho sempre de responder por aquilo que faço.

As razões de V. Exa. eram convincentes, e no resultado prático a emenda dava no mesmo. Evidentemente que a mecânica, como agora se diz, é que era outra.

Do facto, até se procurou equiparar os parlamentares aos funcionários públicos-

Mas o que é verdade, Sr. Presidente, é que nós exercemos funções que escapam, aos funcionários.

Mas claro está que aqueles que rejeitaram essa proposta vão beneficiar os funcionários do Congresso, entrando para a caixa de sobrevivência com os seus vencimentos. Aí têm V. Exas. como disso algum bem resulta.

Isto é apenas, Sr. Presidente, para demonstrar que parlamentares houve, e escuso de citar nomes, que votaram êsse -aumento precisamente, Sr. Presidente e Sr. Júlio Gonçalves, para afirmarem que nada os amedrontava e que não cediam a pressões de qualquer natureza.

A função, parlamentar, que é a mais alta de todas as funções, deve ser tornada independente sob o aspecto económico e moral.

Diz-se que não é de uma estética interessante talharmos uma maior fatia para nós próprios. Se o fizéssemos para uma futura legislatura é que seria interessante e da mais perfeita estética. Se assim se fizesse, o que aconteceria?

Aconteceria que nenhum dos actuais parlamentares, poderia submeter-se ao sufrágio> porque, se o fizessem e fossem eleitos, dava-se a mesma circunstância. Vindo depois à Câmara, por virtude do mesmo princípio, não podiam acoitar o subsídio que tinham votado. É um absurdo.

É necessário atender a que as Câmaras se renovam numa percentagem mínima e é por isso que o Parlamento vai sendo cada vez pior, em conseqüência dos elementos novos como eu. Nós, os elementos novos, somos como o vinho mau que, dentro dum recipiente de vinho esplêndido e precioso, o azeda.

O que não resta dúvida, Sr. Presidente é que o Sr. Ministro fias Finanças com isto traz-nos aqui um perfeito remendo-tendente a transformar esta lei, que na