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Sessão de 5 de Novembro de 1924 17

O Orador: — A moeda era boa, isso era; o lucro é que um grande.

Os 140:000 contos de moeda deixavam só 90:000 contos de lucro.

Mas tudo isto era uma cousa que se fazia ràpidamente — já no actual ano económico — e, assim, o pensava o Sr. Álvaro do Castro.

E o que nos vem agora dizer o Govêrno na sua declaração?

Uns dizem-nos que houve um pequenino engano: a moeda que se julgava poder estar cunhada já nos to ano económico só o poderia vir a ser em 14 anos.

Em lugar de meia dúzia de meses, 14 anos!

Imagine V. Exa. o Sr. Presidente, que desgraça para o País, só tivesse de ter o Sr. Ministro das Finanças naquele lugar à espera que a moeda estivesse toda pronta!

Mas como só justifica êste enganozinho?

Leu.

Aqui têm V. Exas. a situação em que se encontra o Tesouro.

Mas, Sr. Presidente, ainda temos mais; pois, a verdade é que com a proposta apresentada à Câmara pelo Sr. Velhinho Correia, conta-se com a quantia de 00:000 contos, lucros de amoedação, quando na verdade essa receita se não pode obter.

Desta forma, Sr. Presidente, são mais 50:000 contos que vão sobrecarregar êsse pobre déficit.

E não querem V. Exas. que eu diga que êle deve andar por centenas de milhares de contos!

O que eu não posso compreender, Sr. Presidente, é que ainda hoje o Sr. Velhinho Correia venha para aqui defender o agravamento dos impostos que a melhoria cambial se está dando mesmo com o agravamento dos impostos.

O Orador: — O meu desejo é que essa melhoria seja efectiva, como é indispensável. absolutamente indispensável.

A libra está hoje mais cara do que então, pos estava a 60$.

O Sr. Velhinho Correia: — O resultado dessas medidas era a melhoria cambial; e nós vemos hoje o resultado da obra do Parlamento.

O Orador: — O que é certo é que o Sr» Velhinho Correia tanto falou que encheu as medidas e conseguiu que o País se levantasse contra S. Exa.

Depois vemos o Sr. Ministro das Finanças ou, melhor, o Govêrno, dizer que já não garante a estabilização da libra a 90$.

Leu.

O Sr. Presidente do Ministério nunca devia fazer semelhante afirmação. Se isso fôsse preciso, bastava esta prova para mostrar a incompetência de S. Exa. para exercer aquele logar.

A muitos outros assuntos teria de referir-me, mas não quero cansar a atenção da Câmara.

Quando o Parlamento em matéria desta importância, em assuntos tributários, em assuntos da maior gravidade, legisla como se tem legislado, só tem a esperar que o País se levante como um só homem para lhe dizer: — «Basta!»

O Sr. Júlio Gonçalves: — Isso é bolchevismo...

O Orador: — V. Exa. chama-lhe bolchevismo e eu chamo-lhe patriotismo.

Revoltar-se alguém contra uma obra como aquela que República tem feito é um dever de patriotismo porque representa de algum modo pôr um dique à onda de legislar sem atender às conseqüências que daí podem advir.

Eu vou ler à Câmara um dos artigos desta lei, e só o próprio Sr. Velhinho Correia fôr capaz de perceber o que isto quere dizer, eu até me prontifico a ir arranjar um empenho para que o Sr. Velhinho Correia possa falar no comício do Teatro Nacional!...