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8 Diário da Câmara dos Deputados

juiz; mas o que é conveniente é começar a lembrar a necessidade de o fazer, visto que não estamos dispostos a permitir o velho sistema das contas de saco.

Terminando por aqui, Sr. Presidente, o que eu tinha a dizer relativamente ao Sr. Ministro das Finanças, passo agora a referir-me ao Sr. Ministro do Trabalho.

Sr. Presidente: o Sr. Ministro do Trabalho promete nos uma série de medidas que, se como doutrina são de louvar, e como iniciativa já são do conhecimento de nós todos, na prática não se cumprem.

A declaração ministerial, Sr. Presidente, na parte que diz respeito ao Sr. Ministro do Trabalho, não passa de promessas também. E de promessas estou eu farto.

Não me contento com isso, e devo dizer, em abono da verdade, que ainda me recordo bem dos arrepios que me causou a obra do Ministro Sr. Lima Duque, que, na verdade, foi bem nefasta.

Sr. Presidente: pouco mais, na verdade, tenho a dizer a respeito da obra prometida e anunciada pelos membros do Govêrno, pois a verdade é que, como já disse, o Sr. Ministro das Finanças quási que encheu a declaração ministerial.

Vejo, Sr. Presidente, a meu lado o Sr. Ministro da Agricultura, e, assim, não posso deixar de me referir a êle. A verdade é que S. Exa., se bem que lhe faltem por vezes conhecimentos especiais, alguma cousa tem feito, devido ao seu estudo e aos seus conhecimentos.

Tratou S. Exa., e a meu ver muito bem, de extinguir o serviço dos abastecimentos.

Na verdade, Sr» Presidente, os abastecimentos por conta do Estudo compreendiam se naquela altura da guerra em que o particular não podia adquirir os produtos nacionais; mas hoje (e êste hoje refere-se àquela data em que terminou a guerra), não se compreende, nem se justifica, tanto mais quanto é certo que em geral se comprava por 10 para vender depois por 8, o que representava um prejuízo para o Estado.

Neste ponto, Sr. Presidente, não tenho senão de louvar o procedimento adoptado pêlo Sr. Ministro da Agricultura.

Por aqui está a Câmara vendo que eu, ao apreciar a declaração ministerial, não tenho o propósito de combater o Govêrno, pois a verdade é que para mim todos os seus membros me merecem igual simpatia.

Louvo. Sr. Presidente, como não posso deixar do louvar, o procedimento do Sr. Ministro da Agricultura, pois a verdade é que S. Exa. acabou também com aquele Fomento Agrícola, sorvedouro de milhares de contos, que nada fez e nada produziu, servindo para subvencionar pessoas amigas e simpáticas, com prejuízo duma grandiosa obra que se tem de praticar por aquele Ministério.

Tive a fácil coragem de tomar êste procedimento com independência, combatendo o Sr. Ministro das Finanças tenazmente.

De modo que, procedendo assim, não sou incoerente.

Se ontem declarei que o Partido Nacionalista continua mantendo o seu ponto de vista de oposição à acção do Govêrno, para o ver substituído por outro por o julgar mais conveniente e que melhor sirva os interêsses do Estado (Apoiados), não me parece que, pelo facto de elogiar a obra de alguns ministros, isto deminua a franca oposição ao Govêrno.

A vida do Sr. Ministro das Finanças no Govêrno é substancial para a sua duração.

É que essa obra pelo caminho que tem trilhado, e, sobretudo, acolitado S. Exa. pelo Sr. Ministro do Interior e pelo Sr. Ministro do Comércio, merece da nossa parte uma formal e absoluta condenação.

Tenho pouco o hábito de ler jornais. Não o digo para me dar ares; é que não tenho tempo disponível para o fazer. Não posso dedicar-me à leitura de todos êles, e com um de manhã e outro à noite me contento para estar a par do que se passa por êsse mundo de Cristo.

Mas há uma cousa que ao abrir os jornais, nos meses de festas e romarias, encontro sempre: é o nome do Sr. Ministro do Comercio.

Onde havia festa ou romaria lá estava S. Exa.

Parecia que S. Exa. tinha o dom da iniqüidade: ora estava em Viana do Castelo, ora em Faro.

Bastava que pudesse arranjar uma filarmónica e meia dúzia de morteiros...