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Sessão de 5 de Novembro de 1924 11

demonstrar quanto se vive neste país no regime da mais revoltante exploração.

Apoia-se o Govêrno num jornal chamado de grande circulação que pertence a uma empresa industrial que, num conluio escandalosíssimo com o regime, com êle combina a maneira de abafar os protestos do país contra a marcha da administração pública.

Sr. Presidente: é de notar que o apoio dessa imprensa que se diz representante da opinião pública não sorve senão para abalar a voz pública e para o Govêrno, com êsse apoio, dar garantias a essa empresa — garantias que vêm até ao ponto de representarem um escandaloso favoritismo, não cobrando até os impostos devidos, como sucedeu o ano passado com o imposto relativo ao trigo exótico.

Como se esta corrupção não fôsse bastante para definir a administração dêste regime, o Sr. Ministro das Finanças teve ontem a coragem, para não lhe chamar outra cousa, de apresentar uma proposta criando um fundo de publicidade em que podem figurar 300 contos para dar à imprensa dinheiro para comprar a sua opinião e esmagar a opinião do país.

Apoiados.

Tudo isto para continuar o dito concluiu e essa imprensa continuar a explorar êste país, e como se ainda fôsse pouco, continuar o contribuinte a ser esmagado com impostos.

Que admira pois que o Parlamento republicano desde a maioria democrática até a minoria nacionalista não tenha feito referência ao movimento nacional das fôrças vivas?

Por tudo isso não admito que haja essa harmonia entre todos os Deputados republicanos.

O Sr. Jorge Nunes (interrompendo): — Se V. Exa. dá licença, eu direi que V. Exa. está a atribuir-me propósitos que não tive; nem o nosso silêncio pode significar uma tal acrimónia.

Não me referi a todos os assuntos apontados pelo Sr. Presidente do Ministério, mas fui bem claro para não só concluir que seria contra as fôrças vivas.

Àpartes.

Para não tomar outra vez a palavra, se V. Exa. me dá licença de continuar interrompendo-o, eu direi que, quanto ao sêlo, o Sr. Barros Queiroz acompanhou a discussão que teve essa lei e até por iniciativa de S. Exa. foi reduzida a percentagem de 15 para 5.

Sabe-se perfeitamente qual a atitude dêste lado da Câmara, e sabe-se como à última hora com o protesto veemente do meu Partido se conseguiu arrancar à Câmara um certo número de medidas. Assim, toda a selagem das bebidas engarrafadas votou se contra opinião dêste lado da Câmara.

De resto, é conhecida a forma como muitas vezes funciona a Câmara nas últimas sessões. Sabe-se perfeitamente que à ultima hora muitas cousas passam devido à benevolência das oposições.

Apoiados.

O Sr. Velhinho Correia: - V. Exa. dá-me licença?

O Orador: — Desde que V. Exa. não vá propor algum imposto novo neste àparte...

Risos.

O Sr. Velhinho Correia: — Se V. Exa. deseja ser esclarecido com a verdade, da qual tantas vezes anda afastado, permita-me que o interrompa.

O Orador: — Desde que V. Exa. usa dêsses termos para me interromper, eu não consinto na interrupção.

O Sr. Velhinho Correia: — V. Exa. receia a verdade!

O Orador: — Sou interrompido sempre com muito prazer por quem me interrompe nos termos correctos de sempre, do Sr. Jorge Nunes; mas não me deixo interromper por quem faz interrupções em termos diferentes daqueles.

Sr. Presidente: o Sr. Jorge Nunes interrompeu-me para dizer que o Partido Nacionalista tinha votado contra a lei do sêlo.

V. Exa. está em equívoco, porque há duas cousas diversas: uma é a lei n.° 1:633, outra é a lei do solo relativamente às bebidas engarrafadas.

V. Exa. sabe que a proposta de lei do sêlo foi retirada da discussão e que foram convidados todos os lados da Câmara a fazerem parte duma comissão para ar-