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10 Diário da Câmara dos Deputados

Como disse a V. Exas., se continuarmos defendendo o escudo, se continuarmos trabalhando com o método que não temos tido, cada vez aperfeiçoando mais os nossos processos parlamentares de trabalho, quem suceder ao Sr. Daniel Rodrigues, há-de ser melhor Ministro das Finanças que S. Exa. pelo que respeita à valorização do escudo, porque S. Exa. hoje, mercê dum conjunto de circunstâncias para o qual não concorreu, está a ver chover libras, está a ver subir o escudo, mas surpreendido como eu poderei sê-lo ao sair desta casa por uma chuva que não espero apanhar.

Sr. Presidente: se eu penso assim, se eu não estou em nome do meu partido, a combater o Govêrno simplesmente pelo ardente desejo que tenha de o ver substituído ou de ver a barafunda criar-se na casa alheia, estou aqui cumprindo um dever patriótico, estou aqui a colocar muito acima dos interêsses mesquinhos, por mais elevados que sejam os do meu partido, os interêsses da Nação.

O que está sucedendo na nossa vida financeira, nas suas relações entre o Estado e o Paia, o que está acontecendo à volta da valorização do escudo, não é obra nem do Sr. Daniel Rodrigues, nem do Sr. Álvaro de Castro; é obra de vários. Mas S. Exas. estão a ceifar os frutos das sementes que os outros lançaram à terra. E se assim é, e desde que eu suponho e creio que ninguém vai sentar-se no Poder propositadamente para administrar mal o País, concluo por dizer a V. Exa. o Sr. Presidente, que é obrigação nossa continuar a combater o Govêrno.

É indeclinável, dever dêsse mesmo Govêrno abandonar o seu lugar e ser substituído por quem possa, mais capazmente, administrar, zelar e defender os interêsses superiores da nação.

Tenho dito.

O orador não reviu.

Vozes: — Muito bem!

O Sr. Carvalho da Silva: — Sr. Presidente: mais uma vez êste lado da Câmara vai quebrar a harmonia existente entre as diferentes bancadas republicanas desta Câmara, não fazendo referência alguma aos movimentos da opinião que no,País se manifestam. O Govêrno que se senta

naquelas cadeiras é um Govêrno que, como raros, tem manifestado iniludível-mente o deprêzo profundo que sente pelo País. É um Govêrno que, vivendo num País de católicos, calca a consciência dos que, numa legítima manifestação de fé que querem levar a cabo, a vêem impedida, ao mesmo tempo que não reprime e não exerce a acção que deve exercer contra aqueles que usam a toda a hora da bomba para atentar contra a vida e a propriedade dos cidadãos; é um Govêrno que, com o apoio das bancadas republicanas desta Câmara, não se contenta em arruinar a economia nacional e a fortuna dos particulares com os extorsivos impostos votados neste Parlamento contra a vontade, e sentir da Nação, e que ainda vai, saltando por cima da lei e da Constituição, publicar decretos a que chama regulamentos e que agravam espantosamente os impostos, impedindo àqueles que querem exercer livremente a sua actividade e a função que desempenham na sociedade, o uso legítimo de exercerem livremente as suas profissões.

Contra êste Govêrno, como contra a marcha da administração pública, levanta-se um movimento nacional, à frente do qual se puseram as fôrças económicas que nesse ponto defendiam e defendem os verdadeiros interêsses da população portuguesa, perante os impostos exaustivos lançados sôbre ela e que vão reflectir-se de maneira incomportável no custo de vida.

Mas, Sr. Presidente, quando um movimento dessa natureza e grandiosidade se faz para apresentar reclamações ao Govêrno e ao Parlamento não há um Sr. Deputado republicano que, falando em nome do seu partido, faça uma alusão a êsse movimento.

Não pensamos assim; e, destoando da harmonia que vemos entre os Srs. Deputados republicanos, temos a honra de nos fazer eco nesta Câmara da voz do país.

Mas como se isto não bastasse, temos a manutenção do Govêrno naquelas cadeiras, que representa uma provocação para o país e uma afronta; e temos ainda a extraordinária proposta que o Sr. Ministro das Finanças teve ontem o arrojo de apresentar relativa à criação de um fundo de publicidade, o que serve para