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26 Diário das Sessões do Senado

tão que não pode resolver lá fora numa sindicância.

É a prova de que êsse homem mentiu e êle disse que me esbofeteava.

Mas não, porque eu fazia-lhe saltar os miolos...

Uma voz: — Oh! Oh!...

Outra voz: — Então V. Exa. vem armado para aqui?!

O Orador: — Oh! Não. Chegue-se cá o primeiro; chegue-se o que está ahi a falar.

Vozes: — Não pode ser, não pode ser!

Agitação.

O Sr. Presidente: - Chamo a atenção da Câmara.

O Orador: — A culpa é de V. Exa. Se V. Exa. não tivesse permitido a forma de falar do Sr. Leonardo Coimbra, eu também não falava assim!

O Sr. Carlos de Vasconcelos: - Isto não pode ser!

O Sr. Presidente: — Eu nada ouço. V. Exas. não deixam ouvir.

O Sr. Ferreira da Rocha: — A Câmara é de todos, todos podem falar; e só compete à Presidencial intervir quando o julgue necessário.

O Orador: — O sindicante aproveitou a ocasião, porque se há muitos filósofos na Câmara sistematicamente contra mim, há outros que o estão porque não sabem como os factos se passaram.

O sindicante, ia dizendo, aproveitou a ocasião de ter terminado a sindicância, na qual declarava que eu era um homem de honra e um professor competentíssimo, para com dois amigos jornalistas mandar uma notícia para os jornais onde se escondia essa afirmação.

O Sr. Leonardo Coimbra: — Isso é mentira!

Vozes: — Deixe-o lá.

O Orador: — Não é mentira, não.

Mas diz-se que o sindicante afirmara que a sindicância era um amontoado de ignomínias.

Onde estavam elas, porém!?

Estavam naquilo que eu tinha dito, ou naquilo que tinham dito as testemunhas?

É necessário que V. Exas. pesem isso bem; é que nesta sindicância havia muitas testemunhas, umas que foram incomodadas, outras que o sindicante não quis incomodar. Ora já é estranho que o sindicante não interrogasse todas as testemunhas; mas as testemunhas livremente fizeram as afirmações que entenderam.

E se vamos passar diplomas de incapacidade moral a todas as testemunhas, como fez o Sr. Leonardo Coimbra, até a algumas que eram seus íntimos amigos, então acabou-se a justiça; a justiça é uma burla, porque a justiça faz-se por provas desta natureza.

Como disse a V. Exa. há no processo numerosas testemunhas que ainda não foram ouvidas.

Os mais importantes não foram ouvidos.

Outrossim pregunto à Câmara, como é que na Faculdade que abriu no dia 16 de Outubro, nesse dia, às 7 horas da tarde, lá estavam jornalistas, professores, alunos e gente de fora, todos para ouvirem o comício do Sr. Agostinho Fortes! .

Estava ou não tudo preparado; era ou não era um estratagema?

Foi ou não isto provocado por Leonardo Coimbra?

Como é que podia estar tanta gente na Faculdade às 7 horas?

Não era natural que a essa hora lá estivessem jornalistas. Do que é que estavam à espera?

O sindicante cometeu um acto contrário a todos os princípios.

E o que significa isto que se vem fazer hoje à Câmara dos Deputados?

Tudo o que se tem feito tem sido uma monstruosidade.

Depois, para que se pede um processo disciplinar?

Sr. Presidente: diz o Sr. Leonardo Coimbra que não vou à Faculdade há dois anos e que não venho ao Parlamento, mas prova-se que eu nunca lá faltava e que era pontual, até o dia que os professores só incompatibilizaram comigo.