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20 Diário das Sessões ao Senado

rio da Instrução um ofício nos seguintes termos.

Leu.

Quero dizer, o que queria não era fugir ao inquérito, mas sim estabelecer que tinha competência quem já tinha dado provas públicas o mostrou desejo que a sindicância se fizesse para esclarecer o assunto.

Eu sei que o Sr. Ministro da Instrução me vem dizer que não havia nada que determinasse e permitisse mandar fazer processo disciplinar.

Com efeito, nós, por ignorância das cousas de jurisprudência, não tínhamos juntado é corpo de delito, que creio assim se chamar êsse documento de base do processo.

Mas o Sr. Ministro podia dizer que se juntasse o corpo de delito, e nós mandaríamos êsse corpo de delito, que ora constituído por todos os jornais em que se fazia a campanha.

Mas não se procedeu assim.

Aparece o inquérito, e êle é feito de modo que um mês antes já se sabia que ele seria feito e quem o fazia.

Um mês antes houve quem ouvisse dizer, indo num comboio, que se ia fazer o inquérito à Faculdade de Letras, o quem era o sindicante.

O Sr. Ministro teve conhecimento de tudo isto.

Foi nomeado o sindicante e começou a sindicância.

Eu estava ausente.

Recebi um ofício para comparecer e a sindicância tomou logo um aspecto de que havia acusados e acusadores.

O Sr. Homem Cristo mobilizou ás cinco pessoas que, excluindo duas, no Pôrto me odiavam.

Essas pessoas nada podiam afirmar contra mim, e deu-se até o caso interessante do virem ter comigo, declarando que nada tinham que dizer contra a minha pessoa, como sucedeu com o alferes Piadinhas, que disso que era chamado, mas que já sabia a razão por que se fazia o inquérito.

Quere dizer: que só porque se era amigo dêsse homem supunha-se — e veremos até onde isto ia — serem todos meus inimigos para mo caluniarem» Pois bem, êsse veio dizer-me que iria depor quanto eu quisesse a êsse respeito.

Nessa sindicância há também uma carta em que se diz que o assinante foi solicitado para depor isto ou aquilo contra mim. E um outro indivíduo foi convidado para uma ceia-pândega para se ver se numa embriaguez o convenciam a ir depor em meu desfavor.

Mas o sentimento de repulsa foi de tal ordem contra êstes factos, que o sindicante viu logo que se tratava duma infâmia urdida contra a honra dum homem. E foi essa a tal inconfidência que parece ter ocasionado uma nulidade suprível para o processo de sindicância.

Não me interessa que o processo seja anulado; o que me interessa é que num jornal do Pôrto se tivesse dito que o processo ia ser anulado.

O Sr. Ministro da Instrução nada tem com isto, mas eu exijo que S. Exa. diga, para honra do nós todos, se é outro o motivo que o leva a anular o processo, para que se não possa dizer (que é isso que- se quere, a fim de tirar o efeito à campanha de carinho que para mim tem vindo de todas as partes do País) que houve um Ministro que descobriu no processo tantas poucas vergonhas contra mim, que teve que o anular.

Sujeito-me a todas as sindicâncias, mas não estou disposto a consentir que do procedimento dos Ministros por falsas declarações que êles fazem se possa concluir que os erros de ofício dos sindicantes de alguma maneira venham a cair contra nós para nos explorar.

Apoiados.

Sr. Presidente: as acusações e campanhas de calúnia contra mim dividem-se em vários capítulos. O das infâmias e insultos pessoais não me interessa. Não tenho que demonstrar a ninguém a minha honestidade pessoal. Sou tão honesto como tantos outros. Tenho dentro da minha alma aspirações de beleza como tantos outros.

Tenho dentro de mim instintos animais que a vontade não refreia. Não sou perfeito; nunca o disse. Mas tenho na minha vida, vida profissional e vida pública, tanto de honestidade como aqueles que maior a têm. Essas acusações desprezo-as inteiramente.

Mas há acusações que tentam envolver segundas pessoas. Tanta ignomínia se quere afirmar, que se disse que um livro