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22 Diário das Sessões do Senado

Vejam, agora V. Exas. se é lícito que seja professor, se é lícito que esteja a educar a sociedade um homem que assim escreve!

Muitos apoiados.

Mas há alguma cousa mais grave, e neste momento, eu, que daqui a poucas horas terei de falar da figura grandiosa de Nun'Álvares, daquele que na batalha de Atoleiros jogou a vida para conquistar a independência da Pátria, daquele que, depois do ter invocado Deus, ajoelhou a beijar a própria terra de Portugal, num. beijo de amor, para a meter em seu coração, para que êste deixasse de ser carne e se transformasse na própria terra que lhe deu o ser — eu digo quanto me pesa na alma o ter de ler outro bocado, onde a loucura da linguagem vai, tam longe que atinge as proporções dum verdadeiro crime Ode lesa Pátria.

Ouçam, meus senhores:

Leu.

Meus senhores: eu não tenho comentários a acrescentar a isto. É professor de História numa Universidade de Portugal um homem que acaba de escrever «que a Pátria Portuguesa perdeu todo o direito de existir livremente».

Eu pregunto se é decente que esteja calado perante isto.

Não será ocasião de pegar num chicote e escorraçar o vendilhão do templo?

Muitos apoiados.

A campanha tem afirmações graves, como esta:

Leu.

As actas do Conselho Escolar estavam falsificadas. Esta calúnia é de tal ordem que não merece discussão. Como é que um homem como é Sr. Augusto Nobre podia levar o livro das actas para o falsificar?

Outra calúnia:

Leu.

Ainda que fôsse verdadeiro, a culpa não ora da Universidade, mas da secretaria da Faculdade, que se enganara.

A última acusação tremenda é que eu sou um gatuno!

Leu.

Eu, que na minha casa tenho uma modesta mobília, sou acusado de:

Leu.

Êsse homem que não vinha ao Parlamento, à sombra das suas funções parlamentares, continuou a mandar receber os seus ordenados no fim de cada mês.

Falou ainda das viagens ao estrangeiro dos professores da Faculdade. Não só se podiam fazer como deviam, pois assim o manda o regulamento.

Eis, meus senhores, as terríveis acusações.

Os maiores insultos eram bolsados contra a Faculdade.

Um homem que foi meu companheiro de colégio procurou Homem Cristo, pedindo-lhe que acabasse com essa campanha.

Disse que acabaria se o reitor fôsse demitido.

Demitir quem honrava o ensino e a Pátria!

Não podia calar por mais tempo estas palavras, perante o insulto, a calúnia.

Insultou, dizem, que um meu filho. Não quero crer, porque se o soubesse, e não o quero saber, desforçar-me-ia. Mas insultou a Pátria, a Pátria que êle diz ter perdido o direito a ser independente!

Isso não lhe perdôo.

Apoiados.

A êsse homem, que isso fez, quero dizer-lhe que se lembre que é um velho e que a morte o espreita. Tem feito a desgraça do próprio lar e a desgraça de tantos lares.

Lembre-se que contas lhe serão tomadas da sua aleivosia deter caluniado e insultado a sociedade portuguesa.

Quero mandar para a Mesa uma proposta; mas esquecia-me dizer a V. Exas. os números dos jornais que aqui tenho.

Leu.

Vou terminar.

Porventura virão novos impropérios e insultos; não me importa. Uma nova onda, de insultos virá. Não me importa.

Uma nova onda de lama e miséria virá como tantas que se têm levantado ao abrir-se a boca daquele homem. Terminarei dizendo que esta Pátria, que é o Portugal de Nuno Álvares Pereira, tem percorrido todo o mundo. Não há planeta em que os portugueses não pusessem palavras de amor e saudade.

Pátria que desejaria fôsse tam pequenina que a pudesse meter no meu cora-