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Sessão de 6 de Novembro de 1924 17

O Sr. Jorge Nunes: — Sr. Presidente: depois das considerações que fiz, dirigidas ao' Sr. Ministro do Comércio, constou-me que algumas apreciações se fazem a propósito de supostas combinações políticas, tendentes a suspender ou a continuar a discussão sôbre a declaração ministerial.

E como já lhe quiseram dar um vulto de tal natureza, que poderia supor-se que um acordo político tinha sido feito, vejo-me na necessidade do usar da palavra para expor os factos à Câmara com toda a clareza, para evitar falsas interpretações e para que não sejam deturpadas intenções absolutamente alheias a qualquer propósito reservado.

Encontrava-me ou nesta sala, próximo do Sr. Almeida Ribeiro, quando o Sr. Álvaro de Castro, dirigindo-se a S. Exa. e a mim, naturalmente preguntou se achávamos conveniente continuar a discutir a declaração ministerial na ausência do Sr. Presidente do Ministério. O Sr. Almeida Ribeiro apenas se pronunciou com um ligeiro encolher de ombros. Ao passo que eu, sinceramente e sem qualquer objectivo político oculto, declarei que era velha praxe parlamentar ser o chefe dum governo o único responsável pela política geral do gabinete. Eu já tive ocasião de fazer parte de vários governos e nunca mo senti capaz de responder por outra política que não fôsse a do meu Ministério.

Passados momentos, e quando eu já não pensava no caso, o Sr. Jaime de Sonsa, dirigindo-se-me, fazia-me observação semelhante à que me havia sido feita pelo Sr. Álvaro de Castro. Ao Sr. Jaime de Sousa respondi precisamente nos mesmos termos em que tinha respondido ao leader da Acção Republicana, ao que S. Exa. me objectou, e muito bem, que não sabiá como poderia ser interpretado o seu alvitro suspendendo o debate político, pertencendo elo à maioria da Câmara.

Mais uma vez sem propósitos políticos — porque se propósitos políticos há da minha parte são apenas os de ver o actual Govêrno substituído - eu apontei a S. Exa. o caminho que se me afigurava ser o mais conveniente..

Pouco depois era procurado no meu lugar pelo Sr. Ministro da Justiça, para agradecer a parte que eu tomasse na resolução de se adiar o debato político até restabelecimento do chefe do Govêrno.

Depois teceu-se uma intriga política, porque interrogando eu o Sr. Ministro do Comércio, alguém se mo dirigiu pedindo-me para prosseguir o discurso ou para acabar com êle.

Confesso que se me dirigiu um Deputado, que não sei quem foi, pedindo-me para continuar ou para acabar; e muitas vezes, V. Exas. sabem, isso acontece para demorar uma questão e dar tempo a que ela se resolva.

O Sr. Pedro Pita, indignado, disse-me então: «Acabe já».

Não procedi conforme ao pedido, mas...

O Sr. Pedro Pita (interrompendo): — Quando me dirigi a V. Exa. disse: «Não vou feito nisso».

Foi isto o que disse.

O Orador: — Diz o meu amigo e correligionário que se me dirigiu dizendo que não ia feito nisso.

Risos.

Mas eu não podia esquivar-me a um pedido que me fizeram.

Devo concluir por dizer que nestes termos essa tal intriga política cai inteiramente pela base.

O orador não reviu.

O Sr. Jaime de Sousa: — Tendo iniciado ontem as minhas considerações neste debate político, desnecessário será dizê-lo, defendi o princípio de que as explicações deviam acabar no mais breve espaço de tempo.

Nenhum intuito podia mover-me, desejando esclarecer o ponto político sôbre só é necessária ou não a presença do Sr. Presidente do Ministério neste debate.

Pretende definir a minha situação em face do Govêrno, para se saber se se deve pedir a saída dos Ministros.

Antes de continuar êste debate, deve apreciar-se êste ponto.

Entende que só deve aguardar a presença do Sr. Presidente do Ministério, o ilustre leader do partido, para a continuação do debate.

A minha situação é esta: esperarei até que mo seja dada a palavra para continuação dêsse mesmo debate.

Tenho dito.

O orador não reviu.