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14 Diário da Câmara dos Deputados

O que digo é o que me parece útil para a República.

Os partidos fizeram-se para qualquer acção útil à Nação. Não se fizeram para infantilidades, nem para clientelas, nem para golpes de preto.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Paulo Cancela de Abreu: — Sr. Presidente: nós fazemos votos ardentes pelo restabelecimento do Sr. Presidente do Ministério.

Vozes: — Muito bem.

O Orador: — Ardentemente desejamos que o seu incómodo seja mais aparente que real.

Cumprido êste dever de cortesia, que traduz a nossa maneira de sentir pessoal, devo declarar que não vamos meter-nos em questões do família, nem manifestar estranheza por se haver originado um debate demorado.

Nós não queremos entrar em questões de política, tanto mais que a causa do adiamento é a doença do Sr. Presidente do Ministério, o que é lamentável. Mas isso não é o bastante para êste aditamento, visto que tem quem o substitua, nomeadamente os Ministros que são visados, tanto mais que o Regimento prevê este facto, e ninguém pode admitir que êsses Ministros não estejam habilitados a responder aos oradores.

É lamentável que a propósito da doença do Sr. Presidente do Ministério se
queira fazer especulação política, evitando que o Govêrno caia na altura que deve cair.

Apesar da melhoria cambial, nós não concordamos com o adiamento da discussão.

Muito mais teria a dizer, mas o meu estado de saúde não mo permite, e por aqui findo as minhas considerações.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Nuno Simões: — Sr. Presidente: lamento a doença do Sr. Presidente do Ministério, e lamento-a sinceramente, fazendo votos para o seu rápido restabelecimento.

Por mais que o Sr. António Maria da Silva diga que estranha os processos usados nesta Câmara, por não seguirem as velhas praxes parlamentares, o que é certo é que S. Exa. empregou a palavra «capoeirismo», que também não está nessas praxes. Não sei se capoeirismo terá o significado de calão brasileiro, de um instrumento cortante, ou ainda o do uma luta de galináceos, e que-S. Exa. sinta a crista a sangrar. Em qualquer dos casos, nada tenho com isso, e o que tenho a dizer ao Sr. António Maria da Silva e que não sou pessoa apostada em deitar o Govêrno em terra, nem está nos meus hábitos entrar em cábulas políticas. Pelo contrário, sempre que se apelou para o meu patriotismo e republicanismo, soube sempre cumprir o meu dever, e no que respeita ao Govêrno não produzi nenhum acto que pudesse criar-lhe dificuldades.

Eram estas explicações que eu tinha a dar quanto aos adiamentos de que se fala; emquanto aos fretes e capoeirismos, esses não interessara ao País.

O que interessa ao País é que se administre bem!

Para isso se conseguir, não é por meras palavras, que não correspondem bem aos interêsses.

Terminando, deve dizer que, como costumo, tomo a responsabilidade de tudo quanto digo, e espero que o Sr. António Maria da Silva declare à Câmara se as palavras que proferiu se entendem comigo.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. António Maria da Silva: — Como há pouco disse, todos os Deputados que não são novatos sabem que eu sempre tomei a responsabilidade do que disse, e hei-de fazê-lo sempre que tenha oportunidade para isso.

O Sr. Nuno Simões teve a singular idea de tirar palavras, deslocando-as da situação em que eu as tinha colocado, e por isso não só pode entender comigo a frase «crista sangrenta».

Não tenho crista, e, se a tivesse, não a tinha a sangrar; o que sangra e tem sangrado é o meu coração por tudo quanto se tem passado na existência da República.

Creio conhecer suficientemente os homens do meu ou de diferente arraial, e