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16 Diário da Câmara dos Deputados

do Sr. Presidente do Ministério que êle, por um incómodo de saúde, não podia comparecer hoje nesta casa do Parlamento.

Sr. Presidente: é de prever que o incómodo do Sr. Presidente do Ministério o iniba de vir hoje, apenas, a esta casa do Parlamento, e assim deve o ilustre Deputado Sr. Carlos Pereira compreender muito bem que não devia eu nestas circunstâncias assumir a responsabilidade de declarar que me achava habilitado para o substituir.

Estou absolutamente convencido que o incómodo de saúdo do Sr. Presidente do Ministério é passageiro, não vendo por isso motivos para os reparos apresentados pelo Sr. Carlos Pereira.

Relativamente, ao que S. Exa. disse sôbre o contrato dos tabacos, S. Exa. sabe muito bem que o assunto, conforme foi deliberado pela Câmara, está entregue a uma comissão, o assim mais natural era que S. Exa. esperasse ocasião oportuna para fazer então uma crítica tam larga como anunciou.

Conseqüentemente, eu tenho de concluir, salvo o devido respeito por tam ilustre Deputado, que S. Exa. podia falar com toda a impetuosidade que lhe dão os seus verdes anos, ruas também corri a ponderação que nestas circunstâncias se deve exigir.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. José Domingues dos Santos: — Sr. Presidente: não é por muito correr que se chega mais depressa; não é por muito gritar que melhor nos fazemos ouvir; não é por muito ameaçar que mais nos fazemos temer. Tenho mais medo das pessoas que têm serenidade bastante para ver os homens e os acontecimentos, segui-los de perto e precaverem-se.

Sinto as ameaças cá de dentro, conheço as ameaças lá de fora, mas nem umas nem outras me impedirão de seguir o caminho que entendo dever seguir. Nem umas nem outras me impedirão de dizer nesta Câmara, ou lá fora, aquelas verdades que julgo dever proclamar.

Sr. Presidente: não compreendo bem como, a propósito da doença do Sr. Presidente do Ministério, se fizeram declarações políticas, inteiramente inoportunas, (apoiados) e se fizeram ameaças inteiramente inconcebíveis.

O que há a discutir neste momento?

É se devemos ou não aceitar a proposta do Sr. Presidente, aguardando que o Sr. Presidente do Ministério só restabeleça.

Sr. Presidente: não sou pessoa que disfarce os meus pensamentos, ou gaste palavras inúteis.

Entendo que o Sr. Presidente do Ministério é responsável pela política geral do Gabinete; entendo também que, sendo passageira a doença do S. Exa., como felizmente nos foi anunciado pelo Sr. Ministo da Justiça, a Câmara deve aguardar que S, Exa. aqui possa comparecer, para ouvir as queixas dos que tiverem de que se queixar, para ouvir os reparos daqueles que entenderem devê-los fazer, para ouvir os louvores daqueles que hosanas lhe queiram entoar.

Não entendo a questão política de outra forma, e porque é esta a minha opinião, sem combinação com alguém, julgo poder afirmar que o Partido Republicano Português concorda com a proposta de V. Exa.

Sr. Presidente: o Sr. Pedro Pita aproveitou a oportunidade para lavar a sua responsabilidade em quaisquer acordos ou conluios que porventura se tenham feito na Câmara ou nas ante-câmaras. Não sei se houve conluios ou acordos; mas se os houve, Sr. Presidente, não foram feitos em nome do Partido Republicano Português.

O Partido Republicado Português não faz acordos, não precisa do fazer outros acordos além daqueles que estão feitos, pela formação natural do actual Ministério. Os acordos que tem feito são aqueles que constam de bloco republicano que apoia o Ministério.

Não fizemos outros acordos, nem ninguém está habilitado a fazê-los.

Nestas circunstâncias, entendo que posso declarar em nome do Partido Republicano Português que concordamos com a proposta de V. Exa., aguardando que as melhoras do Sr. Presidente do Ministério se apressem, de forma a que S. Exa. possa vir ao Parlamento assistir à continuação do debate político.

Tenho dito.

O orador não reviu.