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12 Diário da Câmara dos Deputados

um pouco por impulsividade própria, o toda a gente sabe que eu sou um nadinha impulsivo, é principalmente porque no momento em que o meu ilustre correligionário Sr. Jorge lumes pedia a palavra para explicações, eu ouvi que alguém lhe entregava um recado da parte dum dos nossos colegas nesta Câmara, que tem categoria dentro do Partido Democrático, para que demorasse essas explicações; o eu entendi dever chamar a atenção do meu correligionário, dizendo-lhe que para fretes eu não estava disposto, e que justamente a êsse pedido correspondia o dever de falar o menos possível.

Sr. Presidente: está posta a questão, pelo menos com clareza, e se outro merecimento não teve a minha intervenção no assunto, ela serviu, no emtanto, para esclarecer uma situação que estava propositadamente a fazer-se escura.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Lopes Cardoso: — Sr. Presidente: estranho imenso que o Govêrno tivesse trazido a esta Câmara um relatório dos seus trabalhos durante o interregno parlamentar, e que lhe tivesse dado o nome pomposo de declaração ministerial, buscando assim encontrar nos elementos do bloco o apoio que, pelo visto lhe faltava para governar. O Govêrno, tendo apresentado essa declaração ministerial, que um ilustre Deputado oposicionista considerou, e com razão, muito mais extensa do que a primeira com que aqui se apresentou, e que, por sinal, lacónica era, estranho é que da parte dos leaders dos diversos agrupamentos políticos, que apoiam o Govêrno, se não levantasse uma voz para significar o seu apoio à obra governativa durante o interregno parlamentar.

A meu ver, bastava esta significativa atitude doa ilustres leaders dos vários agrupamentos que apoiam o Govêrno para êste reconhecer que os seus dias estavam contados, e que não mais podia presidir aos destinos da Nação. Assim, de facto, V.Exa., Sr. Presidente, tinha anunciado que iria passar-se à ordem do dia, por não haver quem quisesse emprestar meia dúzia de palavras de apoio ao Govêrno. Felizmente as oposições, que em alguma cousa têm o seu dever, pedindo

explicações, deram aso a que os diversos Deputados pudessem inscrever-se e se abrisse um debate especial nesta matéria.

O equívoco que existia agravou-se com o silêncio dos elementos do bloco que apoiam o Govêrno, e com o facto de alegando-se a doença, do Sr. Presidente do Ministério, se vir pedir o adiamento duma questão de que pode resultar a queda ou a conservação do Govêrno. Nós todos estamos convencidos do que essa desconjuntada harmonia entre os elementos do bloco cada vez está mais longe de representar uma perfeita unidade de pensamento.

Falou o meu ilustre correligionário Sr. Pedro Pita em qualquer combinação entre um e outro lado da Guinara para dar vida por mais alguns, dias ao Govêrno. Eu, que em caso algum, sendo do Govêrno, teria provocado nesta hora grave uma questão, política, porque do que precisamos é de quem nos governe, considerando só prejudiciais às discussões de frioleiras políticas; eu que, sendo do Govêrno, não traria aqui a declaração ministerial, e que pertencendo ao bloco, desde que essa declaração aqui veio me levantaria para dar o meu apoio ao Govêrno, neste momento discordo inteiramente do que esta questão seja adiada. É preciso que êste equívoco não continue. E preciso que daqui se saia sabendo-se se o Govêrno fez ou não qualquer cousa de bom para o País, se é ou não necessária a sua conservação, e as únicas pessoas que podem definir esta situação são os leaders que o apoiam.

Por nossa parte não é a nós, que nunca apoiamos êste Govêrno senSo quando entendemos que devíamos colaborar com êle para uma obra nacional; não é a nós, repito, que nos compete resolver o problema. Aceitámo-lo como está pôsto, como oposição sempre correcta e vigilante, mas as circunstâncias exigem que se defina inteiramente a situação. Estão presentes os ilustres leaders dos diversos agrupamentos partidários; estão também quási todos os membros do Govêrno, e se é certo que o Sr. Presidente do Ministério se encontra ausente, está aqui quem fale por êle.

Uma questão política desta ordem foi debatida em Conselho de Ministros, e foi concertada entre os membros do Poder