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18 Diário da Câmara dos Deputados

O Sr. Álvaro de Castro: — Não tencionava falar, mas visto que o Sr. Jorge Nunes se referiu a mim, vou unicamente confirmar as palavras do Sr. Jorge Nunes, e dizer a V. Exa., Sr. Presidente, que o meu grupo concorda com o Sr. José Domingues dos Santos o que o acompanha na votação.

O orador não reviu.

O Sr. Almeida Ribeiro: — Visto o Sr. Jorge Nunes se referir a mim, eu direi o mesmo que o Sr. Álvaro de Castro.

Quanto ao modo de proceder, já aqui foi expresso pelo ilustre leader do meu partido, o Sr. José Domingues dos Santos, e assim, sôbre o assunto, nada mais tenho a dizer.

O orador não reviu.

Posto à votação se o debate não devia continuar, assim foi aprovado.

O Sr. Paulo Cancela de Abreu: — Requeiro a contraprova e invoco o § 2.° do artigo 116.°

Feita a contagem, foi confirmada a votação.

De pé 5 Srs. Deputados.

Sentados 94 Srs. Deputados.

Negócio urgente

O Sr. Leonardo Coimbra (na tribuna): — Sr. Presidente: eu não tencionava realmente entrar no debate político, mas as considerações que tenho a fazer não pedem em absoluto a presença do Sr. Presidente do Ministério, e assim eu posso muito bom tratar o assunto que desejo na ausência de S. Exa.

Pela primeira vez na minha vida vou tratar de um assunto que se prende com a minha pessoa, e parece que tenho um demónio cá dentro que me domina, como a, Sócrates, e me diz que não devia falar; mas eu sei o que êle quere, e por isso falarei, mas declarando que lamento ter que tratar de casos pessoais, ocupando-me de mim.

Mas eu não venho tratar exclusivamente da minha pessoa, mas sim tratar da minha Faculdade de Letras do Pôrto; vou tratar de alguma cousa profundamente nacional, mais que nacional, humana. Vou tratar da honra e dignidade dêste Parlamento, desta Pátria, e de muitos homens dêste Parlamento; vou tratar dalguma pousa que é de lástima e dor.

Vai tratar-se dum inquérito, deferido pelo Sr. Ministro da Instrução, a essa Faculdade a propósito de uma calúnia, e vai mostrar-se que àparte as calúnias e os insultos que são fáceis de fazer quando, sobretudo, os homens que os fazem não têm a coragem de se bater no campo da honra, existo no indivíduo que me difamou o baixo sentimento da ingratidão.

A Faculdade de Letras do Porto - deixem-me V. Exas. fazer um pouco do história—r foi fundada há pouco tempo, sendo o projecto que a criou da iniciativa dessa figura nobre, heróica e simpática que era António Granjo. Foram nomeados os seus primeiros professores pelo Ministro da Instrução Pública de então, Sr. Joaquim de Oliveira, por intermédio do Sr. Sá Carneiro, seu chefe de Gabinete.

Foram feitas gentis instâncias para que eu fôsse assumir a direcção dessa Faculdade, mas eu, sistematicamente, não disse nunca que sim nem que não, até que por fim me decidi, porque, na modéstia do que valho, entendi que podia honestamente dirigir a Faculdade de Letras.

O obstáculo que tinha determinado a minha hesitação, acerca da aceitação do lugar de director dessa Faculdade, foi o natural escrúpulo que eu tive de que porventura se dissesse que a minha acção ministerial, a favor da criação da Faculdade de Letras do Pôrto, havia sido exercida na intenção de destinar para mim o lugar de director.

Tendo exposto esta circunstância ao Sr. Ministro da Instrução Pública do então, S. Exa. nomeou-me e eu entrei para a Faculdade.

Entrou nessa ocasião para professor do mesmo estabelecimento um dos homens da República que mais ou menos tem caluniado todos, que só tem vivido para a calúnia, que não teve pejo em chamar «pulha de bem» a uma das maiores e venerandas figuras do regime, ao Sr. Dr. António José de Almeida.

A entrada dêsse professor fez-se com o meu consentimento, sem que eu tivesse protestado, porque não julgo nem julgarei os homens incapazes de regeneração. Por mais insociável que um homem se tenha mostrado, sempre compreendo que êsse indivíduo, ao ver aproximar-se a morto,