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Sessão de 6 de Novembro de 1924 27

Não tenho vindo ao Parlamento por não me permitir os meus afazeres e a minha saúde, mas eu logo avisei os meus eleitores, que só cá viria tratar de questões regionais.

Eu sei que a vontade era cortarem-me o lugar, mas para o lazer tinham que passar pelo mesmo desgosto, pelo mesmo enxovalho outras pessoas que era preciso poupar.

A Faculdade há muito que devia estar extinta.

A sindicância não foi por diante, quando era êsse o meu interêsse, e fui eu próprio pedir ao Ministro que fizesse seguir a sindicância.

Quando foi do Govêrno do Sr. Ginestal Machado, eu fui procurar S. Exa. e pedi-lhe que fizesse seguir a sindicância.

O que se apura é que o Sr. Leonardo Coimbra não me quere lá dentro, quere êle ser só o dono, como se a Faculdade fôsse uma cousa dele e não do Estado.

A Faculdade é do Sr» Leonardo Coimbra.

Pois no tempo da monarquia havia mais liberdade nestas cousas, porque, sendo eu capitão de um regimento, e tendo-me o coronel chamado por causa de certo artigo contra êle, publicado num jornal — preguntado só êsse artigo era meu, eu respondi-lhe:

— Não, senhor, não é meu.

— Mas sabe quem o escreveu?

— Não sei e, se o soubesse, não o diria, porque só o poderia saber por uma confidência e, se o divulgasse, praticaria um atentado aos ditames do dever e da honra.

— Pois se ou soubesse quem era o autor do artigo não lhe queria fazer mal, mas apenas dizer-lhe que, se não estava bem, se fôsse embora,

Sabe V. Exa., Sr. Presidente, o que lhe respondi?

Respondi-lhe o seguinte:

— Assim como a 1.ª companhia do 1.° batalhão não é pertença do seu capitão, também o regimento não é propriedade do V. Exa.

E êle calou-se.

O Sr. Leonardo Coimbra disse aqui que eu invectivo por ódio toda a gente, esquecendo-se dos altos serviços que tenho prestado à moralidade desta terra estando presente uma pessoa, o Sr. Brito

Camacho, que não me desmente. Quando S. Exa. era governador do Moçambique eu recebi de lá centenas de cartas pedindo para o atacar.

Chegaram-me a fazer propostas para ir a Moçambique, com passagens pagas, ver o que se passava, para atacar o Sr. Brito Camacho.

Respondi sempre que não, porque o Sr. Brito Camacho pode ter todos os defeitos, mas não é ladrão, e eu estou mesmo convencido de que a guerra de má vontade contra êle movida era proveniente de actos honestos que estava praticando.

Uma voz: — É o activo!

O Orador: — O activo, sim, senhor.

Mas tenho nele mais alguma cousa.

Quando vim do exílio não hesitei em defender os democráticos, porque eram então os partidários da guerra, e disso resultou, como já disse, o terem-me votado moções de saudação nos seus congressos. Quando estavam presos e eram perseguidos por toda a gente — e disto é testemunha o Sr. António Maria da Silva, que esteve preso comigo — não hesitei em defendê-los, porque sôbre êles se estavam praticando todas as violências e arbitrariedades de que eu era testemunha. E amanhã eu hei-de preguntar ao Dr. Leonardo onde estava no dia da «leva da morte», quando a turba assaltava o hospital para me matar e ao Sr. António Maria da Silva.

Hei-de-lhe preguntar onde estava na noite em que livrei o Sr. Dr. Magalhães de Lima, com quem estava de relações cortadas, de ser afogado por um polícia que no seu quarto do hospital entrou para êsse fim.

Nessa ocasião onde estava o Dr. Leonardo?

Êsse homem, forte e robusto, ofereceu porventura o seu peito às balas inimigas?

Ofereceu-se para ir combater pela sua Pátria que corria perigo?

O orador ficou com a palavra reservada.

O discurso será publicado na integra, revisto pelo orador, quando, nestes termos, restituir as notas taquigráficas que lhe foram enviadas.

Os àpartes não foram revistos pelos oradores que os fizeram.