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24 Diário da Câmara dos Deputados

isso. Ora, sendo assim, porque não convocou imediatamente o Parlamento?

Apoiados.

Dizem-me do lado que o Parlamento estava aberto. Nestas condições, porque não trouxe imediatamente o caso ao Parlamento, que ainda está acima de todos os Ministérios das Colónias e Altos Comissários, para o resolver sem perda de tempo?

Apoiados.

Porque queria continuar êste pagode. Queria continuar o Govêrno, exercendo apenas uma acção política de campanário, servindo alguns grupos em detrimento das forcas conservadoras.

É que também se não fazia, como se fez, a vontade aos elementos do bloco.

Na imprensa, em entrevistas, dizia-se ao Govêrno que abrisse o Parlamento, mas o Sr. Rodrigues Gaspar não queria, não porque lhe pudessem preguntar por actos de administração, mas porque lhe podiam dar uma ordem de despejo.

O Govêrno tinha o convite dos comerciantes para vir ao Parlamento; e tinha problemas que só o Parlamento podia resolver.

Porque não vinha?

Só tardiamente aqui veio, não por uma questão de administração, não para resolver os problemas que a República reclama, mas unicamente para Dão discordar dos seus correlegionários, dos que impunham a sua vinda aqui.

Assim é que foi convocado o Parlamento para 4 de Novembro de 1924.

Entrou o Govêrno no Parlamento, dizendo numa extensa declaração ministerial o seu programa.

Ninguém o apoia. Ninguém lhe dá uma palavra de ligeira aprovação que lhe indique que pode continuar à frente nos negócios públicos.

Desde êsse momento o Govêrno sabe que não pode contar com a confiança na Câmara. Da minha parte não a tem desde se constituiu.

Sr. Presidente: o Govêrno veio unicamente com o pretexto da aprovação dos orçamentos; mas verdadeiramente o seu único fim é de que a Câmara lhe aprove mais duodécimos para continuar neste verdadeiro pagode, em que tem vivido até hoje.

O que na verdade é para admirar, Sr. Presidente, é que até hoje, sôbre o triste

caso da proposta que o Sr. Ministro das Finanças quere remediar, o Govêrno não tivesse dito uma palavra sôbre o assunto do não pagamento dessas letras, talvez por entender que se tratava de uma questão de pequena monta, não sendo monos para admirar o facto de, tendo-se levantado a questão política nesta Câmara, nenhum dos leaders dos grupos que apoiam o Govêrno ter dito uma palavra sôbre o assunto, assistindo nós pelo contrário quási todos os dias a estas scenas que se estão dando no Parlamento, de os próprios representantes dêsses grupos que apoiam o Govêrno virem para o Parlamento atacar e até enxovalhar os Ministros, dirigindo-lhes palavras que não só os ofendem, como põem sem dúvida em cheque a sua situação de portugueses.

Não vejo esclarecer os pontos das acusações que foram feitas e não vejo alguém, por parte dêsse partido, dar qualquer esclrocimento sôbre o debate.

Isto mostra que o Govêrno não sabe como deve tratar dos interêsses nacionais e não recebe demonstrações de confiança na Câmara.

Todos os dias recebe demonstrações de não haver harmonia no bloco que o sustenta.

O Govêrno não se formou, de resto, para tratar dos problemas da vida nacional, mas para sustentar a vida dêsse bloco.

Então a República não pode viver sem êsse bloco?

Então a República não pode viver sem um Govêrno desta ordem?

Àpartes.

Sr. Presidente: é preciso ver que confiança inspira o Govêrno nesta questão de. Angola, e porque se sustenta o Govêrno no poder.

Eu pregunto, como já preguntei, se o Govêrno se fez para sustentar o bloco.

Eu pregunto se há conveniência em manter êsse bloco, que circunstâncias de momento formaram.

Sr. Presidente: afinal que utilidade resultou do bloco?

Àpartes.

O bloco constituiu um Govêrno que não manteve os nossos créditos, porque reduziu os juros do empréstimo que esta Câmara tinha aprovado meses antes.

Quem foi que depois praticou um acto ainda mais grave, que foi dividir os toma-