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Sessão de 24 de Novembro de 1924 7

dos cidadãos que na terra de África mais de perto sentiram o feito que ennobreceu a Pátria inteira.

Nestes termos, tenho a honra de propor à consideração da Câmara dos Srs. Deputados:

Artigo 1.º É autorizado o Govêrno a fornecer o bronze necessário e a mandar proceder, pelo Arsenal do Exército, à fundição da estátua que, por subscrição pública, deve ser erecta na cidade de Lourenço Marques em homenagem ao grande português que foi Joaquim Augusto Mousinho de Albuquerque.

Art. 2.° Fica revogada a legislação em contrário.

Sala das sessões, 23 de Julho de 1924.— O Ministro das Colónias, A. de Bulhão Pato.

O Sr. Morais Carvalho: — Sr. Presidente: conquanto nós, dêste lado da Câmara, sejamos em geral contrários à aprovação de qualquer projecto ou proposta que directa ou indirectamente traga aumento de despesa, entendemos que num caso desta natureza devemos abrir uma excepção, visto tratar-se de uma homenagem à memória de Mousinho de Albuquerque.

E, Sr. Presidente, essa homenagem impõe-se por tal forma a todo o País que é com muito prazer que daremos à proposta que se discute o nosso aplauso e o nosso voto entusiástico.

Mousinho de Albuquerque foi alguém em Portugal!

Foi, sobretudo, alguém, Sr. Presidente, que com o seu esfôrço, com a sua inteligência, com a sua tenacidade e o seu querer inquebrantável, escreveu algumas páginas brilhantes na história dos nossos domínios ultramarinos; e, Sr. Presidente, no momento actual, em que a questão colonial tanto está na tela da discussão, prestar uma homenagem a Mousinho de Albuquerque é, ainda que indirectamente, combater a obra daqueles que não souberam inspirar-se nos altos exemplos que êsse grande português deixou.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Portugal Durão: — Sr. Presidente: porque tive a honra de servir em África com Mousinho de Albuquerque quero também prestar a minha homenagem a êsse homem que soube levantar tam alto o nome português e que levou a efeito um dos factos mais notáveis da nossa história colonial: a prisão do Gungunhana.

Conheci Mousinho de Albuquerque em Lourenço Marques, como governador, e posso declarar que já então êle mostrava bem que havia de ser um belo administrador, qualidade que mais tarde demonstrou exuberantemente quando governador geral de Moçambique.

A mim, que estive encarregado dê ir ao Limpopo, como comandante de uma canhonheira, estudar a maneira de impedir a acção do Gungunhana, naqueles territórios, muitas vezes Mousinho de Albuquerque disse que com dia havia de ir com um pelotão efectuar a prisão do Gungunhana, e dizia isto com a confiança absoluta de que havia de fazê-lo.

Efectivamente um dia, Mousinho de Albuquerque, com meia dúzia de soldados, efectuou essa prisão que constituiu uma surpresa em toda a província, pois era inacreditável que o Gungunhana com todo o seu poderio pudesse cair à mão de meia dúzia de soldados.

A obra de Mousinho e de António Enes — pois que se ligam as duas - marca verdadeiramente o início do ressurgimento da província de Moçambique. E hoje, que ouço muitas vezes dizer que temos perdido uma grande parte do nosso império ultramarino é, necessário afirmar bem alto que nunca como actualmente tivemos o nosso domínio de além mar tam consolidado.

Hoje temos uma ocupação efectiva, absoluta, e os homens que, como Mousinho de Albuquerque, tanto fizeram para essa ocupação não podem ser esquecidos, cabendo a esta Câmara o dever de lhe prestar a sua homenagem.

Tenho dito.

Vozes: — Muito bem! Muito bem!

O orador não reviu.

O Sr. Delfim Costa: — Sr. Presidente como relator dêste projecto, e como Deputado pela província de Moçambique, associo-me calorosamente à homenagem que esta Câmara está prestando ao grande herói que foi Mousinho de Albuquer-