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10 Diário da Câmara dos Deputados

O vendedor estabelece um preço tal, que não sei como há coragem de o comprar e pôr à venda!

Diz ele que quem estabelece o preço do peixe é o comprador.

Não é assim.

Êste, com receio de que outro o compre, pronuncia o conhecido chu antes de o preço ser, pelo menos, razoável.

Parece-me por isso que se deve terminar com a lota e estudar-se outro processo de venda.

Com certeza S. Exa. concorrendo para o barateamento do peixe, pelo menos em Lisboa, auxiliará muito a baixa do custo da vida.

O que peço ao Govêrno é que não deixe de estudar o assunto.

O Govêrno, que não descansou durante as férias, tendo estudado projectos para apresentar ao Parlamento, deve saber que estamos esperando hoje também medidas para o barateamento da vida.

Confio na boa vontade de S. Exa., na sua energia e inteligência, para a resolução dêste problema.

Tenho quási a certeza que S. Exa. providenciará por forma a que os géneros barateiem, não permitindo que muitos gananciosos se abalancem a fazer preços exagerados aos seus produtos, preços incomportáveis para a maioria dos consumidores.

O Sr. Portugal Durão: - Peço a V. Exa. que consulte a Câmara sôbre se consente que a comissão de finanças reúna durante a sessão.

E aprovado.

O Sr. Presidente: - Vai entrar-se na ordem do dia.

Foi aprovada a acta.

ORDEM DO DIA

O Sr. Presidente: - Durante as férias parlamentares faleceram os Srs. Gonçalo de Almeida Garrett, antigo Par do Reino, José Adolfo de Melo e Sousa, António Sardinha e Aníbal Soares, antigos Deputados e jornalistas.

Há ainda a registar o falecimento de um irmão do Sr. Custódio Paiva.

Proponho que se lance na acta um voto de sentimento.

O Sr. Vitorino Guimarães: - Associo-me ao voto de sentimento que acaba de ser proposto por V. Exa. pelas pessoas que faleceram durante as férias parlamentares.

Seja-me permitido destacar de entre essas pessoas o Sr. Adolfo de Melo e Sousa, pelo espírito de justiça e imparcialidade que colocamos sempre acima da política, embora se trate de adversários.

Melo o Sousa colocou sempre os interesses nacionais acima da política.

Quando tomei posse da pasta das Finanças tive necessidade de apelar para os seus conhecimentos, e encontrei sempre nêle todo o desejo do auxiliar o Estado, e o Estado que representa o país foi sempre pôsto acima de tudo como patriota que era.

Estas palavras tinha êste lado da Câmara de as dizer para mostrar que há imparcialidade e justiça para com adversários quando êles as merecem.

Apoiados.

O orador não reviu.

O Sr. Nuno Simões: - Associo-me ao voto de sentimento proposto por V. Exa.

Destacarei dois nomes: os Srs. Melo e Sousa e Aníbal Soares, ambos adversários políticos meus.

O Sr. Melo e Sousa colocou sempre acima de tudo, como muito bem disse o Sr. Vitorino Guimarães, o seu sentimento de amor da Pátria.

O Sr. Aníbal Soares foi uma das mais brilhantes organizações de jornalista da nossa terra, que não obstante ter combatido constantemente o regime, afirmou faculdades intelectuais das mais brilhantes, o que constitui para um jornalista uma das mais altas garantias de mérito.

O orador não reviu.

O Sr. Lino Neto: - A minoria católica associa-se ao voto de sentimento proposto por V. Exa.

Na mesma hora caíram varados pela morte alguns antigos ornamentos do Parlamento Português: Almeida Garrett, António Sardinha e Aníbal Soares.

Todos constituiam um forte esteio moral da nossa Pátria.

Quanto a António Sardinha muito há a dizer, mas a Câmara tem presente o inte-gralismo lusitano e pode considerá-lo sob os dois aspectos por que o seu denodado