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10 Diário da Câmara dos Deputados

O Orador: - E, todavia, esse jornal é apontado como um jornal que, estando ao lado do Govêrno, é indigno, por isso que defendendo o Govêrno é suspeito às classes conservadoras.

E dizia o Sr. Cunha Leal: "eu não posso agora socorrer-me do jornal o Mundo por o não ter conseguido, mas tenho aqui outro jornal que é A Batalha, outro órgão do Govêrno"; Ora bem haja que A Batalha, órgão da Confederação Gerál do Trabalho, verifique que se formou um Govêrno disposto a fazer política republicana e disposto a defender aqueles que trabalham. Ainda bem que alguns se afligem pelo facto de haver um jornal, órgão da Confederação Geral do Trabalho, que apoia ou justifica a existência de um Govêrno que defende aqueles que trabalham, porque eu sempre tenho defendido o povo trabalhador.

A Confederação Geral do Trabalho não é uma instituíção política, mas apenas do carácter económico. E veja V. Exa. como certas questões são estudadas no nosso País: da Confederação Geral do Trabalho podem fazer parte até os monárquicos, os conservadores, porque para pertencer a essa instituição é só necessário não ser vadio, mas ter um ofício com que se ganhe o pão dia a dia honradamente.

Para que se atravessa então na vida do Govêrno o nome de um jornal que constitui alguma cousa de grande e de honroso para a sociedade portuguesa?

Tenho a impressão de que há pessoas que desejariam antes que a sociedade portuguesa fosse uma sociedade apagada, onde existisse um povo sem vitalidade e sem opinião, caindo de podre, como estão podres as classes conservadoras de todo o mundo.

Tenho visto que êste Govêrno e apoiado mesmo por aqueles elementos mais obscuros da sociedade portuguesa.

Isto mostra apenas que o povo se interessa pelos negócios do seu País e que os Governos que o defendem merecem sempre o seu aplauso. Não são palavras, são factos!

Apoiados.

O que deploro é que neste momento tenha de tratar de uma questão que aqui foi levantada e que só pode classificar de lana caprina em comparação com as propostas de lei importantes que estão na Mesa para discutir.

Apoiados.

Era da proposta do lei do fundo de maneio do Banco do Portugal que nós nos devíamos ocupar, estudando-a e corrigindo-a, porventura, de forma a ela poder ser aplicada em defesa dos interêsses do Estado.

Mas o que vejo?

É que tive a necessidade de pedir a palavra para ontem não deixar votar uma moção que tinha por fim derrubar o Govêrno que está prestando importantes serviços ao País.

Apoiados.

Mas também da Mesa desta Câmara transitou para as respectivas comissões uma proposta de lei quo diz respeito aos monopólios dos tabacos e dos fósforos.

Não sei em que altura estão os trabalhos dessas comissões; o que sei é que já decorreram os vinte dias indicados pelo Regimento para elas darem parecer, e entretanto êsso parecer ainda não apareceu à discussão.

Em Abril acabam os monopólios dos tabacos e dos fósforos, mas se nós continuarmos a gastar tempo em questões que para nada servem, senão para irritar, chegaremos a Abril sem podermos acabar com êsses monopólios, com aplauso talvez daqueles que têm interêsses ligados àqueles dois colossos.

Apoiados.

E porque eu desejaria que se trabalhasse e que esta Câmara produzisse trabalho que se impusesse ao País, eis a razão por que continuo a deplorar que questões destas se levantem, sem prestígio para o Parlamento, nem para o Regime.

Levantam-se questões que só podem agradar aos monárquicos, porque a estes só convém o desprestígio do Parlamento republicano.

É por isso que a minha alma de homem, que sempre se bateu pelos interêsses da República, sangra por ver tanta desgraça.

Mas há, porventura, apenas a discutir neste tempo as propostas de lei a que atrás me referi?

Não.

Sôbre a Mesa da Câmara dos Deputados está uma proposta do lei que também foi para as comissões, pela qual se cria a Caixa de Conversão.