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8 Diário da Câmara dos Deputados

Ministro da Guerra, pego a S. Exa. o favor de transmitir aos Srs. Ministros do Trabalho e dos Negécios Estrangeiros as considerações que vae fazer.

Vi nos jornais do hoje a notícia da abertura da Fábrica da Marinha Grande.

Surpreendeu-me essa notícia, pois suponho que não há o direito de pôr em prática tal medida sem primeiro chamar os antigos administradores da fábrica à responsabilidade dos graves abusos que cometeram.

Eu chamo a atenção do Sr. Ministro do Interior para êste facto e para o enorme esfôrço que fizeram os operários.

S. Exa. teve ocasião do ver, como eu vi, uma rima de caixotes com cristais que lá existiam, o tanto assim que ordenou que se fizesse o inventário dêsses cristais, isto é, que sé procedesse com aquela moral que seria para desejar, fazendo entrar a empresa concessionária com a sua cota parte; porém, a administração daquela fábrica tem sido, na verdade, das piores que pode haver, pois os seus administradores a maior parte das vezes deixam a fábrica entregue a um empregado, dizendo-lho que olhe por ela, por isso que têm de vir para Lisboa.

Isto, Sr. Presidente, é muito interessante, e bom será que a Câmara em ocasião oportuna trate do assunto convenientemente, de forma a que êstes casos se não repitam, pois a verdade é que a diferença que existe entre os enormes desmandos que houve no tempo da Monarquia o os que se têm dado na República, é de que antigamente êles eram encobertos o hoje discutem-se com toda a largueza e clareza, como deve ser.

O que é um facto, Sr. Presidente, é que na Fábrica de Vidros da Marinha Grande alguém, para servir a sua clientela política, recebeu abonos por conta de encomendas, os quais, se bem que fôssem recebidos e gastos, não consta que fôssem escriturados, o que, na verdade, representa uma ilegalidade, sendo, além disso, um desrespeito pelas disposições do Código Comercial.

Mas, Sr. Presidente, a questão não pára aqui, e, para a Câmara ver o que se tem passado sobre o assunto, vou ler-lhe o que diz a firma Soares Cardoso:

Leu.

Estas letras, Sr. Presidente, de que aqui se fala, foram aceites e protestadas por falta do pagamento.

O que na verdade é para lamentar é que o Sr. Ministro do Trabalho se tenha desinteressado do assunto, preocupando-se apenas com outros, talvez de menor importância, deixando do vir à Câmara para os discutir como seria para desejar.

O Sr. Presidente: - Devo prevenir V. Exa. de que são horas de se passar à ordem do dia.

O Orador: - Se V. Exa. me permite, eu em dois minutos terminarei as minhas considerações, lendo à Câmara o seguinte:

Leu.

Como a Câmara está vendo, a fábrica encontra-se em condições de realizar lucros.

Êste estado do cousas não pode continuar, razão por que eu fiz estas ligeiras considerações, na intenção do chamar a atenção da Câmara para o assunto, que para mim é da máxima importância.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Presidente: - Vai passar-se à ordem do dia. Está em discussão a acta. Como ninguém pede a palavra considero-a aprovada.

Está na Mesa um oficio do Juiz do direito de um dos juízos de investigação criminal, pedindo autorização à Câmara para que o Sr. Álvaro de Castro possa depor num processo.

Autorizado.

O Sr. Presidente: - Vai ler-se uma nota de interpelação.

Foi lida na Mesa.

É a seguinte:

Nota de interpelação

Desejo interpelar o Sr. Ministro da Guerra sôbre a reintegração no exército, com o pôsto de major e colocado na situação de reserva, pela Ordem do Exercito n.° l, 2.ª série, de 24 do Janeiro do corrente ano, do ex capitão miliciano de artilharia de campanha, Almiro José Pereira do Vasconcelos.

Em 10 de Fevereiro de 1925. - O Deputado, Albino Pinto da Fonseca.

Expeça-se.