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Sessão de 19 de Fevereiro de 1925 19

preocupou os legisladores foi a acção do Govêrno anterior, que, proclama vam defunto, mas tam mal morte que julgaram necessário mais algumas sessões de protesto para o acabar de matar.

Não quero trazer a esta discussão nenhuma nota discordante. Depois que saía o Partido Nacionalista desta casa parece-me que estamos todos em família. Quero apenas trazer ao debate parlamentar umas ligeiras considerações, que são sempre necessárias para se firmar uma posição.

Pode o Sr. Presidente do Ministério contar com a cainha lealdade, com a minha dedicação, êle e os seus correligionários.

Não é por cumprimento pessoal que lhe faço esta declaração. Estou, a seu lado porque S. Exa. prometeu, continuar uma política que eu iniciei. Estarei tanto mais perto do seu Govêrno quanto, mais estreitamente êle viver com os ideais que preconizo.

Eu não faço cumprimentos pessoais; não costumo fazer êsses cumprimentos; tenho vindo por toda a vida fora de cabeça alta e muitas vezes ao arrepio de toda a gente, mas preciso sempre definir situações. É preciso que todos olhem para mim sabendo para onde vou e o que eu quero.

A política que eu fiz foi sincera, clara e levantada, Detesto aquela política de habilidades, em que, tanto faz inclinar os políticos para os radicais como para os conservadores, conforme as conveniências de momento.

Apoiados.

Depois, Sr. Presidente, em volta duma frase que proferi no Terreiro do Paço fez-se uma campanha torpe e atiraram-me essas frases, como pedras, para me derrubarem, esquecendo-se de que eu tinha aqui um fauteuil de Deputado e que estava aqui um homem que tinha vida e tinha coragem de lhes atirar com essas mesmas pedras. Não se lembraram que a arma com que me feriram tinha dois gumes e que ela viria a voltar-se contra quem pretendera ferir-me.

Apoiados.

Os que me disseram essas frases e assim procederam contra mim hão-de ter remorsos durante toda a sua vida política.

Apoiados.

Êste seu acto há-de ficar-lhes amarrado a toda a sua vida, como a grilheta ao tornozelo do condenado. Êste, já depois de cumprida a pena ainda por vezes supunha que a grilheta lhe ousava. Assim sucederá aos homens do conluio torpe que me derrubou.

Diversos àpartes.

Sr. Presidente: são me absolutamente indiferentes as apreciações que façam as minhas palavras.

Tudo o que eu entendo que devo dizer di-lo-hei com absoluta serenidade, através de toldos os comentários que me queiram fazer.

Já aqui eu fui apodado do epiléptico e de energúmeno; e contudo, Sr. Presidente eu não conheço ninguém adentro desta Câmara que tenha uma maior serenidade ao que eu, e perante todas as tempestades, eu não conheço ninguém que seja capaz de dominar os seus nervos como eu domino os meus.

Eu tenho visto essas pessoas, que me chamam epiléptico e energúmeno, muitas vezes em atitudes, descompostas e sem finalidade.

Há dois anos eu vi, pela primeira vez, o Partido Nacionalista, em atitudes furiosas e descompostas, sair desta sala prometendo e, jurando que não mais voltaria aqui.

Eu disse nesse momento umas palavras aproximadamente iguais às que estou agora pronunciando.

Passaram-se meses e eu vi que essas pessoas, que, me chamam epiléptico e energúmeno, vieram pedir que se lhes arranjasse ponte de passagem para voltarem à Câmara.

Eu é que sou o epiléptico, e energumeno; êles possivelmente é que são as pessoas sensatas!

Durante o meu Govêrno, em certa altura, porque se publicou um decreto que não foi pôsto à aprovação individual de cada uma das pessoas que compõem êsse lado da Câmara, jurou-se-me guerra de morte, e no dia seguinte; depois de esgotados todos os meios para derrubar o meu Ministério, assistimos ao espectáculo de algumas pessoas, batendo desordenadamente nas carteiras a ponto de ameaçarem destruí-las, jurarem que aqui ninguém mais trabalhava.

Afinal passaram-se uns dias, essas pes-