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Sessão de 19 de Fevereiro de 1925 17

O Sr. Joaquim Ribeiro: - Sr. Presidente: primeiro que tudo felicito o Sr. Vitorino Guimarães por ter organizado Ministério, e, de S. Exa. espero que será uma futura garantia da ordem pública, e no que respeita à pasta das Finanças, tenho confiança na sua obra, visto que já tem demonstrado, por várias vezes, a sua competência.

Sr. Presidente: o Govêrno que antecedeu êste caiu porque não dava garantias de ordem pública.

Foi um Govêrno que, naquele lugar, e com a maioria parlamentar garantida, tomou atitudes e praticou actos que, de um momento para o outro, o fizeram sair daquelas cadeiras.

É curioso que, tendo obtido o Govêrno, dias antes, uma maioria de 40 votos, êsse mesmo Govêrno procedesse de maneira a ter de sair daqui com uma minoria de 20 votos.

Explica-se isto pelo facto de aquele Govêrno ter procedido inábilmente, e, até a meu ver, anti-patriòticamente.

Sr. Presidente: acima de tudo há a considerar o problema da ordem pública, e esta, desde que a República se implantou, nunca mais se manteve como era necessário que se mantivesse.

Sr. Presidente: a razão pura e simples por que nós retirámos o nosso apoio ao Govêrno foi porque, tendo êle apresentado um programa, comprometendo-se executar uma obra bem republicana, tomou depois atitudes que comprometiam a ordem pública, e que até pareciam querer visar o próprio Parlamento.

As manifestações contra as autoridades constituídas, que o Govêrno não se atreveu a demitir, as queixas injustas que se fizeram contra a fôrça armada e contra o operariado que nesse momento não se encorporou na manifestação, as queixas contra os polícias que o Sr. comandante da polícia judiciosamente tinha retirado para local distante do percurso da manifestação, e que eram aqueles que habitualmente prendiam bombistas, tudo isto é manifesto.

Até, Sr. Presidente, se afirma que muitos dos homens que andavam a monte por crimes praticados estavam ao serviço da Polícia de Segurança do Estado!

Isto é preciso dizer-se, Sr. Presidente.

Apesar de vivermos e pugnarmos por um ideal avançado, não podemos pactuar com o crime.

Apoiados.

Portanto, cumprimentando o Sr. Vitorino Guimarães, estou bem certo de que êle, um velho republicano, cheio de serviços prestados à Pátria e à República, será o primeiro a bem garantir os direitos de liberdade dos cidadãos, aquela liberdade que a todos deve ser respeitada igualmente.

Apoiados.

Sr. Presidente: o Govêrno do Sr. Vitorino Guimarães tem muito que fazer além da ordem pública.

Tem de restaurar as finanças, e para isso, conta com o apoio da Câmara.

Não sou pelas oligarquias lá de fora, e eu sou insuspeito, porque fui dos primeiros a bramar contra os seus ataques, qualquer cousa parecida com o Sidónismo e Pimenta de Castro.

Nós, os republicanos, temos de defender a República, trabalhando, fazendo uma obra que se impunha a amigos e inimigos, mas essa obra deve ser feita dentro da ordem, progressivamente.

Apoiados.

Ao exército devo dizer que, se se sentiu atacado por qualquer palavra dita nesta. Câmara, ou por qualquer interpretação errada que foi dada a essas palavras, êle é acima de tudo uma fôrça organizada, para a defesa da Pátria e da República.

Sr. Presidente: sem dívida, é o problema financeiro aquele que o Sr. Vitorino Guimarães vai encarar com a competência que todos me reconhecem.

Mas um problema, porventura bem mais grave, o problema colonial, se apresenta, e eu espero que o Govêrno, que à, frente da pasta das Colónias tem um homem de grande nome, olhará para essa questão com carinho e desvelo.

Apoiados.

O Sr. Ministro das Colónias tem passado grande parte da sua vida nas colónias, tem um nome ilustre, como militar e como governador colonial, e estou certo de que enfrentará êsse problema com a maior atenção, especialmente, no que diz respeito a Angola.

Apoiados.

Para terminar devo dizer a V. Exa., Sr. Presidente, que não enviei para a Mesa,