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Sessão de 20 de Fevereiro de 1925 7

contra a livre manifestação dos direitos e das opiniões populares.

Apoiados.

Nós também não queremos a guarda para espingardear o povo.

Mas o que censurámos no Sr. José Domingues dos Santos foi as circunstâncias em que S. Exa. proferiu as suas palavras, que, ditas naquela ocasião, só serviram para deminuir o prestígio da fôrça militar.

Um chefe do Govêrno não se precipita, não se exalta, não se desconcerta, espera serenamente a comunicação exacta e precisa dos factos, e procede depois com firmeza, com severidade, castigando os autores dos excessos e das violências, quer êles sejam populares, quer êles sejam soldados.

É preciso acentuar que os soldados também pertencem ao povo e também merecem a nossa simpatia e o nosso apoio, tanto mais quanto é certo que a sua missão é ao mesmo tempo difícil e nobre porque estão no cumprimento dos seus deveres para com a Pátria.

Mas, Sr. Presidente, o Sr. José Domingues dos Santos não quis saber de nada. O seu primeiro movimento foi ir à janela e para corresponder aos sentimentos que a multidão lhe tributava, para lisonjear os manifestantes que o saüdavam, o Presidente do Ministério de então não hesitou em colocar se ao lado dos díscolos contra a fôrça pública.

Não apoiados.

Eu quero ter o direito de falar livremente. Se na tribuna parlamentar já não há a liberdade de dizer o que se pensa, então é preferível irmo-nos todos embora daqui.

Os Srs. Deputados que não concordem com as minhas afirmações podem, usando da palavra, rebater os meus argumentos, e se fôr eu quem está fora da razão não terei dúvida em render-me às suas opiniões.

Afigura-se-me, porém, que é meu dever repelir aqui uma frase proferida pelo Sr. José Domingues dos Santos e que considero afrontosa para aqueles que votaram contra o seu Govêrno.

Sr. Presidente: dizia eu que o Sr. José Domingues dos Santos não hesitou em colocar-se ao lado dos díscolos contra a fôrça pública, que tinha procedido com
tanta abnegação, com tanta generosidade e com tanta calma, que, diante de uma agressão que tinha ferido dois dos seus homens, se limitou a disparar as espingardas para o ar.

A atitude do Sr. José Domingues dos Santos foi mesmo de tal maneira saliente nessa conjuntura, que os jornais narravam no outro dia que S. Exa. tinha querido sair para a rua, e que, agarrado pelos seus familiares, se debatia nervosamente, exclamando:

"Larguem-me se são meus amigos! Deixem-me ir para ao pé do povo!"

Sr. Presidente: dizia não sei quem que há cousas que sucedem neste País que não têm tradução em língua nenhuma. Esta de um Presidente do Ministério, perdida toda a serenidade, obliterada a idea da alta função de equilíbrio e de justiça que tem a desempenhar, a querer sair para a rua para se envolver numa desordem, é das que não podem traduzir-se; é mesmo inédita na história de todos os Governos!

Sr. Presidente: escuso de dizer a V. Exa. a impressão que estas atitudes produziram em todas as classes, especialmente na classe militar.

Escuso de dizer a V. Exa. o que foram as horas de excitação e de sobressalto que atravessámos após estes acontecimentos.

Tinha-se a impressão de que se marchava para uma aventura sinistra onde poderiam sossobrar todas as nossas liberdades constitucionais; tinha-se a impressão de que a República oscilava, abalados os seus fundamentos pela indisciplina e pela desordem.

Era indispensável pôr têrmo a esta situação; era indispensável restabelecer a paz e a confiança que tinham desaparecido dos espíritos.

Sr. Presidente: o Sr. José Domingues dos Santos afirmou que o seu Govêrno tinha o apoio do País; ora o País, visto através da sua ilusão e da sua vaidade, é uma cousa e o País real e verdadeiro é outra, e êste o que quere é ordem, tranquilidade e segurança para poder trabalhar e prosperar.

O Sr. José Domingues dos Santos felicitou-se por ter merecido o apoio das