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12 Diário da Câmara dos Deputados

mulher francesa que, no Terror, ao ir ser supliciada, exclamou:

"Liberdade! Quantos crimes se cometem em teu nome"!

Disse.

Apoiados.

O orador foi muito cumprimentado.

O orador não reviu.

O Sr. Vasco Borges: - Nos termos regimentais mando para a Mesa a seguinte moção:

A Câmara dos Deputados, exprimindo o seu pesar pelo afastamento dos trabalhos parlamentares dos representantes, do Partido Nacionalista, manifesta-lhes toda a sua consideração e o desejo de que o mais breve possível regressem aos referidos trabalhos.

20 de Fevereiro de 1925. - Vasco Borges.

Não pertenço ao número das pessoas que podem blasonar de serenidade, porque em frente de uma mentira deixo de estar sereno, pois que a minha sensibilidade não permite que a firam sem que logo no mesmo local reaja.

Vibrando, reagindo, é assim que a minha sinceridade se manifesta e exerce o seu poder sôbre mim em frente de um adversário, na hora da luta, em frente da mentira e da falsidade.

Reajo e perco a minha serenidade, porque, Sr. Presidente, é assim o meu carácter e a minha maneira de ser.

Eu bem sei, Sr. Presidente, que o domínio dos nervos se pode obter, mas essa grande fôrça é difícil de vencer quando se encontra perante afirmações proferidas por pessoas que têm no seu peito um coração que apenas exprime o ódio.

Sr. Presidente: eu julgo-me objecto e alvo de uma afronta que dentro desta casa do Parlamento foi proferida contra a maioria dos seus membros, e, por isso, vibro e reajo.

Sr. Presidente: na noite em que caíu o Govêrno do Sr. José Domingues dos Santos, S. Exa. afirmou, intempestivamente, e quando já se lhe não podia responder, que os campos estavam definidos e que a Câmara era a favor dos exploradores e contra os explorados.

Essas palavras cheias de acintosa ameaça foram proferidas apenas para terem lá
fora uma retumbância política e passaram a representar o programa político que, desde aquela hora, adoptavam os que votaram a favor do Govêrno, e que, mais tarde, dentro ou fora do Govêrno, o Sr. José Domingues dos Santos atiraria àqueles que se tinham manifestado contra o mesmo Govêrno.

Sr. Presidente: eu não podia deixar de protestar, com toda a minha sinceridade, contra essas palavras, e não tinha, com efeito, outro momento para o fazer senão agora.

Sr. Presidente: queixou-se o Sr. José Domingues dos Santos de que lhe atiraram com pedras.

De pedradas, fomos nós alvo, de mistura com alguns punhados de lama.

Falou-se em exploradores e explorados. Esta frase é absolutamente vazia de qualquer significado positivo, sendo apenas uma afirmação destinada a uma especulação fácil, própria de um comício, mas imprópria do local onde foi pronunciada.

Sr. Presidente: não é lícito provocar classes dêste País, ou seja o comércio, a indústria ou a agricultura; nem é justo que se profiram palavras de incitamento contra elas.

Não quero dizer que em Portugal não se tenha sido vítima de alguns exploradores, mas imputar todo êsse crime a uma sociedade não pode ser!

Não se pode transformar esta Pátria numa arena de feras, mas desde que S. Exa tomou posse do Govêrno caminhamos para isso.

Não quero dizer que nessas classes não haja alguns com intuitos malévolos, mas atribuir a todos êles as mesmas culpas é que não é justo, nem deve ser.

Mas, mesmo que assim fôsse, o que não havia era o direito de afirmar que a Câmara dos Deputados se bandeava com os exploradores contra os explorados.

Todos que nos conhecem sabem que a honra do Parlamento da República se mantém intacta. Mas não são aqueles que andam pelas alfurjas e pelas esquinas a acusar o Parlamento que o poderiam julgar.

Apoiados.

Sr. Presidente: não tenho, como parece ter querido insinuar o José Domingues dos Santos, a idea de bater no seu Govêrno, mas o que julgo necessário é fazer a história dêle, é dizer à Nação o que foi a