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Sessão de 20 de Fevereiro de 1925 13

sua obra, para que não mais se tornem possíveis tentativas, especulações e mistificações desta ordem.

Sr. Presidente: se alguém tem de ficar amarrado a uma grilheta, não somos nós por termos votado contra êle; se alguém tem de ficar amarrado a uma grilheta pelas responsabilidades que criou à face da Nação e da República, é o próprio Govêrno transacto.

Com que autoridade se apresenta êle a falar-nos da sua obra?

Com que autoridade pretende êle colocar-se acima da obra dos outros Governos da República?

Que fez êle, Sr. Presidente?

Estabeleceu a luta entre os explorados e os exploradores?

Mas, Sr. Presidente, ainda nesta hora se não provou que algumas medidas do Govêrno transacto não fôssem precisamente para beneficiar os exploradores.

Sr. Presidente: não foi êsse Govêrno que entregou de mão beijada à moagem, 5:000 contos?

Pois não foi êsse Govêrno que em decreto publicou a reforma bancária, que segundo se afirma, e até prova em contrário não ponho em dúvida, ia beneficiar alguns dos exploradores permitindo-lhes especulações capitalistas?

Com êsse decreto não se ia provocar secretamente a carestia da vida?

Acaso isto é proteger explorados contra exploradores?

Sr. Presidente: eu ouvi afirmar aqui que o povo tem sempre sido vergastado pelo chicote dos Governos republicanos.

Que espécie de afirmação é esta?

Qual é o espírito republicano do homem que produz afirmativas desta ordem?

Como é que o Sr. José Domingues dos Santos as pode fazer?

Sr. Presidente: se há Govêrno da República que possa ser acusado de efectivamente ter praticado barbaridades contra o povo republicano, foi o Govêrno a que o Sr. José Domingues dos Santos pertenceu, sem que, no emtanto, S. Exa. levantasse qualquer protesto.

Houve nesse tempo o vagão-fantasma, essa cousa enigma que a todos revoltou e repugnou, e, todavia, não se ouviu nunca o protesto do Sr. José Domingues dos Santos.

Sr. Presidente: todos nós nos lembramos das acusações que o Sr. José Domingues dos Santos, quando Ministro do Trabalho, fez contra os socialistas.

Na verdade, a história é efectivamente a mestra, e ela nos ensina a saber o que valem certas afirmações, sobretudo quando se produzem tam contràriamente com o passado.

Sr. Presidente: são estas as razões que me levam a falar nestes termos.

E certo que sou susceptível de me exaltar; o animal mais perigoso, mais nocivo, por ser o mais venenoso, é, porém, de sangue frio.

Sr. Presidente: que autoridade poderá ter um Govêrno que aumentou as despesas, com a lei dos duodécimos, em 50:000 contos?

Que autoridade poderá ter um Govêrno que deu ao País aquele espectáculo tristíssimo, que nós todos tivemos aqui ocasião de presenciar, quando se votou a lei dos duodécimos?

Que autoridade poderá ter um Govêrno que permitiu a falsificação e até o roubo de processos?

Apoiados.

Sr. Presidente: isto é preciso que se diga bem alto e claro, para que o País o saiba.

Em Portugal esquecem-se com facilidade, infelizmente, certos e determinados casos, e assim não é demais repetir estas palavras para que fiquem na memória de todos.

Eu, Sr. Presidente, acho na verdade interessante que o Sr. José Domingues dos Santos tenha vindo para aqui falar nos seus planos, nas suas ideas e nas suas capacidades.

É na verdade, Sr. Presidente, êste um caso interessante.

Creio que as ideas do Sr. José Domingues dos Santos não serão as do Partido Republicano Português, a que tenho a honra de pertencer, e assim melhor estaria que S. Exa., desligando-se do Partido Republicano Português, se entregasse à Confederação Geral do Trabalho.

Eu não tenho dúvida de que a humanidade caminha para novas étapes; mas que isso se faça gradualmente e não aos saltos.

A continuarmos por esta forma, chegaríamos a prejudicar a própria República.

Sr. Presidente: se é muito para estranhar o procedimento do Sr. José Domin-