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16 Diário da Câmara dos Deputados

deração e o respeito que merecem todas as pessoas da sua envergadura.

Apoiados.

De facto, Sr. Presidente, foi o Sr. general Vieira da Rocha, que não permitiu que se especulasse, como se pretendia fazer, em volta de certas palavras proferidas pelo Sr. Presidente do Ministério, José Domingues dos Santos.

Na verdade, S. Exa. foi de uma lealdade incontestável para com o anterior Presidente do Ministério.

Estas palavras, Sr. Presidente, são tanto mais necessárias, quanto é certo que eu sou um oficial do exército, assim como oficial do exército era o Sr. Helder Ribeiro, Ministro da Guerra do Govêrno a que eu tive a honra de pertencer. Nem ou, nem S. Exa. poderíamos, nem ao de leve sequer, permitir que qualquer cousa se pudesse dizer em desprestígio da fôrça pública.

O Sr. general Vieira da Rocha sabe bem que eu tenho procurado sempre, como militar, ser fiel cumpridor dos meus deveres e sabe bem que eu, pelo meu carácter e pelo meu temperamento, de maneira alguma poderia permanecer mais um minuto sequer no Ministério do Sr. José Domingues dos Santos, se porventura S. Exa. tivesse proferido palavras desprestigiosas para o exército.

Assim penso eu, e assim pensará igualmente, estou certo, o Sr. Helder Ribeiro.

Sr. Presidente: isto é tanto mais verdadeiro, quanto é certo que o Sr. general Vieira da Rocha não teve a mínima dúvida em entrar para o Govêrno de que é ilustre Presidente o Sr. Vitorino Guimarães, e cuja orientação já está claramente marcada pelas afirmações que S. Exa. fez nesta Câmara e mesmo fora dela.

Sr. Presidente: tenho sido sempre partidário da união de todos os republicanos, e muito especialmente da união do todos os homens que militam no meu partido.

Ninguém poderá acusar-me de que, por qualquer forma, eu tenha intervindo para quebrar essa união e, por isso, não posso deixar de salientar os factos que se estão passando.

E se quem quer que fôsse procurasse ocultá-los, faltaria à verdade e praticaria um acto que não o nobilitaria.

Não sabemos nós, Sr. Presidente, que nesta Câmara existem, de facto, critérios e pontos de vista bem diversos?

Não existem lutas pessoais, mas sim ideais e objectivos diferentes, Sr. Presidente.

Eu pregunto se não tenho sempre mantido as mais cordeais relações com todos os que militam no meu partido e se o mesmo não têm feito certos correligionários meus.

E, se assim é, Sr. Presidente, não há qualquer cousa de nobre e alevantado neste procedimento?

E, Sr. Presidente, porque não havemos todos nós, os homens que constituimos o Partido Republicano Português, de ter a coragem das nossas afirmações e das nossas atitudes?

Estou certo de que, se assim fizéssemos, prestaríamos à República o maior serviço.

Os homens que fizeram parte do Govêrno do Sr. José Domingues dos Santos foram acusados de terem contribuído para a queda do Govêrno do Sr. comandante Rodrigues Gaspar. Mas, Sr. Presidente, êsses homens tiveram a coragem de dizer o que queriam e pensavam contra êsse Govêrno, tendo, além disso, assumido a responsabilidade do que tinham afirmado.

Eu pregunto porque é que os homens do meu partido que derrubaram o Govêrno do Sr. José Domingues dos Santos, votando-lhe uma moção de desconfiança, não nobilitaram o seu gesto, apresentando-se logo unidos com aquelas pessoas que, embora de outros partidos, pensavam da mesma maneira, constituindo imediatamente um Govêrno que substituísse aquele que acabavam de derrubar.

O Sr. Vasco Borges (interrompendo: - As pessoas a que V. Exa. se refere não puderam fazer tudo isso que V. Exa. disse porque não se podiam substituir ao Sr. Presidente da República.

E isto supondo que o quisessem fazer.

O Orador: - Eu declarei há pouco que me reservara o direito de falar aqui ou onde quisesse, e, assim, direi a V. Exas. que, quando o Sr. Vitorino Guimarães procurava constituir o seu Ministério, moveram-se divergências e lutas partidárias, querendo uns que êle constituísse Govêrno, e procurando outros inutilizar essa solução.