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14 Diário da Câmara dos Deputados

gues dos Santos, não o são menos as palavras que proferiu a respeito do abandono do Partido Nacionalista. Parece inferir-se das palavras de S. Exa. um certo regozijo pelo facto. Pois nesse partido encontram-se dos mais antigos, dedicados e esforçados republicanos.

Não posso deixar de acentuar que essas palavras de regosijo não foram sequer generosas.

Não foram prudentes sequer, porque, se desde esta hora temos a considerar como um facto desagradável a atitude do Partido Nacionalista, não sabemos mesmo agora que conseqüências desastrosas para a República essa atitude pode ter.

Não foram convenientes também essas palavras, em que se cantam glórias, numa hora em que a República entristecida olha para o espectáculo que lhe estão dando.

Eu entendo que o dever dêste ou de qualquer outro Govêrno que ali se sentasse nesta hora é o de aglutinar, o de transformar num bloco toda a nacionalidade portuguesa.

Nunca podia, pois, nem devia ser função de um Govêrno o dividir, o arremessar classes contra classes!

A função dêle deveria ser e deve ser a de combinar todas as actividades, colo-cando-as acima de todos os interêsses, para conglobar estes num expoente máximo, que é o Estado.

Um Govêrno que se coloca contra uma classe determinada, ou a favor doutra, um Govêrno, que não é mais do que um organismo do Estado, ipso facto atraiçoa o próprio Estado, porque actua contra os seus superiores interêsses, contra o próprio interêsse da colectividade.

Esta foi uma das razões por que eu votei contra S. Exa. Esta é uma das razões por que não estou arrependido do meu procedimento.

Tornaria até a fazer a mesma cousa, com a plena consciência dam dever cumprido.

Esta é também, Sr. Presidente, uma das razões por que o Govêrno do Sr. José Domingues dos Santos ficou amarrado a uma grilheta de que não poderá jamais libertar se ante o tribunal da História!

Tenho dito.

O orador não reviu.

Lida na Mesa a moção do Sr. Vasco Borges, foi admitida.

O Sr. Plínio Silva: - Sr. Presidente: de harmonia com as disposições regimentais, vou ler a moção que vou ter a honra de mandar para a Mesa.

Moção

A Câmara dos Deputados, tendo tomado conhecimento da declaração ministerial e das firmes, precisas e alevantadas palavras do ilustre Presidente do Ministério, nesta Câmara e fora dela, verifica que, nas suas linhas gerais, a orientação do actual Govêrno é a mesma do anterior, prosseguindo assim na obra iniciada pelo Govêrno Álvaro de Castro e, manifestando-lhe a sua inteira confiança, passa à ordem do dia.

Sala das Sessões, 20 de Fevereiro de 1925. - Plínio Silva.

Sr. Presidente: uma vez que nesta Câmara, por vários Deputados e de vários lados, se têm feito referências ao primeiro magistrado da Nação, eu quero, dêste lugar, prestar-lhe a mais sincera e rendida homenagem, porque tive ocasião de verificar, durante os três meses que mais de perto, no desempenho da minha função oficial de Ministro, lidei com S. Exa., que o devia considerar, sem favor, o primeiro cidadão do meu País.

Sr. Presidente: eu entendo que o primeiro magistrado da Nação, em condições algumas, deve ser trazido para a discussão.

Mas, uma vez que isso se fez, e atendendo a que um dos primeiros deveres do homem de Estado é sempre incondicionalmente o de estar ao lado do chefe da Nação, sem favor de espécie alguma, porque, como já disse, directamente observei os actos e atitudes correctíssimas do ilustre Presidente da República, entendo que pratico um dever de republicano e cidadão começando as minhas considerações por lhe prestar as minhas merecidas homenagens.

Quero, a seguir, prestar a minha homenagem ao Sr. Presidente do Ministério actual.

Conhecemo-nos há muito tempo já, e entre nós existem laços de estreita amizade, nascidos em vários campos.

Jamais esquecerei o carinho que, numa situação difícil, pelo Sr. Vitorino Guimarães me foi dispensado, momento em que