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Sessão de 20 de Fevereiro de 1925 9

Isto é verdade. Adentro da República há espécies variadas de indivíduos que nunca foram republicanos e que ainda hoje o não são e que, no emtanto, vivem à sua sombra por ambição, por conveniência ou por vaidade.

Mas a espécie mais notável é com certeza a daqueles que nunca tendo sido republicanos e que, pelo contrário, tendo perdido muito tempo nos partidos monárquicos, têm hoje necessidade de andar mais depressa do que os velhos republicanos, a fim de recuperarem o tempo perdido.

Não sou nem de uns, nem de outros, nem dos da floresta, nem dos segundos, que precisam de ir a vapor!

Nunca digo também que sou republicano, porque não tenho essa necessidade.

Apoiados.

Apesar da minha modéstia, tenho a certeza de que sou suficientemente conhecido do povo republicano para poder avaliar pelo meu passado, e pelo meu presente, o que será, politicamente, o meu futuro.

Também não apregôo os meus serviços à República e à Pátria, porque não lhos prestei nem na medida em que os devo à República, nem na medida em que a Pátria os merece!

Sr. Presidente: aqui ficam nestas ligeiras explicações as razões por que votei contra o Govêrno do Sr. José Domingues dos Santos.

Não me fica nenhum remorso por ter contribuído para a sua queda; remorso me ficaria se eu tivesse contribuído com o meu voto para manter uma situação que fatalmente conduziria a República para um desastre irremediável.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Manuel Fragoso: - Sr. Presidente: vou falar com aquela serenidade, com aquela calma que ainda ontem aqui foram citadas pelo Sr. José Domingues dos Santos.

Afirmo, porém, Sr. Presidente, que a calma e a serenidade dos homens políticos só se constatam bem na correcção das suas palavras e no aprumo das suas atitudes.

Não pedi a palavra para entrar propriamente no debate político, provocado pela apresentação da declaração ministerial.

Não quero, no emtanto, eximir-me ao prazer, que me é muito grato aliás, de cumprimentar, antes de mais nada, o Sr. Vitorino Guimarães, meu ilustre correligionário e ilustre Presidente do Ministério actual.

Para S. Exa. as minhas melhores saüdações.

Costumei-me, desde que pertenço ao Grupo Parlamentar Democrático, a respeitar as altas qualidades de carácter de S. Exa.

A todos os membros do Govêrno, desde o Sr. Presidente do Ministério até ao Sr. Ministro que se senta na última cadeira da bancada governamental, eu apresento os meus cumprimentos, fazendo sinceros votos por que da sua obra resulte prestígio para a República. Confio nos homens do Govêrno e confio em que o Sr. Presidente do Ministério se apressará a reparar alguns dos actos menos justos que foram praticados pelo Govêrno que foi derrubado pela moção do ilustre Deputado Sr. Agatão Lança.

A consideração e estima pessoal e política que tenho pelo Sr. Vitorino Guimarães, não é a primeira vez que lhas afirmo.

Não o digo para que S. Exa. mo agradeça, mas para que a Câmara o recorde.

Quando o Sr. Vitorino Guimarães sobraçou a pasta das Finanças no gabinete António Maria da Silva, eu tive ocasião de, num debate de carácter financeiro, afirmar que se podia duvidar da eficácia dos planos e propostas de S. Exa., mas nunca da honestidade dos propósitos do ilustre homem público.

Sr. Presidente: porque uso da palavra depois do lamentável incidente que levou o Partido Nacionalista a abandonar os trabalhos parlamentares, eu quero afirmar dêste lugar o meu profundo pesar pelas conseqüências do seu gesto.

Nesse partido encontram-se dos melhores republicanos, e a República nada ganha, antes perde, com a sua ausência desta casa do Parlamento. Só aqueles que andam desvairados por um cego facciosismo político, são capazes de supor que o regime pode assim tam fàcilmente prescindir dos serviços de alguns dos seus melhores e mais dedicados amigos e defensores.