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28 Diário da Câmara dos Deputados

O Orador: - Sr. Presidente: tem-se feito muitas vezes preguntas como estas:

Qual é a posição normal da nossa divisa sôbre Londres?

Onde só poderá estabilizar a nossa moeda?

Qual deve ser a nova paridade do escudo?

O Sr. Morais Carvalho: - É uma bonita tese!

O Orador: - Para poder responder a semelhantes interrogativas, procurei lazer os devidos estudos para os quais me servi das teorias do Sr. Cassel, distinto economista o financeiro.

Foi êste Sr. Caseel que a Sociedade das Nações chamou para fazer o estudo do problema monetário do mundo.

Este economista explica de uma maneira interessante como Portugal poderá achar a paridade da sua nova moeda.

O Sr. Carvalho da Silva (interrompendo): - Qualquer dia temos um novo trabalho de V. Exa. "A Semana da Paridade".

Risos.

O Orador: - O método de Cassei só pode aplicarão aos países que hajam sofrido o mal do inflacionismo.

Se Portugal tivesse sofrido de outros males, só poderíamos seguir o referido método tendo em atenção as devidas correcções. Mas eu sempre sustentei e sustento que o nosso mal provém unicamente do abuso do papel moeda.

Estou convencido de que, se continuássemos mais algum tempo nesse caminho, não teríamos salvação possível. Em todo o caso, no muito pouco que fomos atingidos, houve por assim dizer estimulantes vários, de ordem interna e externa, que compensaram o pouco em que fomos atingidos pelo inflacionismo. E o resultado animador para mim é que as exportações em 1924 não foram inferiores em quantidade, nem em valores, às do ano de 1923. Tenho aqui uma estatística de 1924, da qual vou ler alguns números para provar a V. Exas. o que afirmo.

Leu.

Vistos, portanto, dum lado os excessos e do outro os deficits, o resultado ainda é animador.

O Sr. Carvalho da Silva: - V. Exa. dá-me licença?

Era interessante saber-se quais os meses em que houve excessos, como é também interessante conhecer a que origem V. Exas. foi buscar êsses números, V. Exa. sabe que houve uns meses em que devido à melhoria cambial os exportadores tiveram conveniência era indicar números diferentes dos reais?

O Orador: - Eu já respondo à muito inteligente observação de S. Exa.

Êstes números são do mercadorias exportadas, porque, se fôsse buscar os números de pedidos de exportação, teria do contar com números muito maiores.

Quanto aos meses, devo dizer que nos meses da melhoria cambial não houve um grande afrouxamento de exportações.

Eu calculo o total das nossas exportações, em 1924, em 11 milhões de libras, pouco mais ou menos, contra 10 milhões em 1923. E explico êste pequeno aumento pela animação que houve nos mercados estrangeiros com relação às nossas exportações.

Não vejo, portanto, que estejamos em situação crítica ou de inferioridade.

No que respeita às importações, os números também pouco ou nada se têm alterado.

Em 1923 acho 20 milhões de libras, e, no primeiro semestre de 1924, encontro 10 milhões, de modo que há um perfeito equilíbrio.

Há pouco quando me referi a exportações, esqueci me de dizer que os números que citei eram referentes unicamente às exportações nacionais e não às reexportações.

Há ainda a atender às compensações.

Aparte o ouro do Brasil e as libras e os dólares que nos mandam os nossos emigrantes, há também a considerar o rendimento dos capitais que só transferiram para o estrangeiro, e que é importantíssimo.

Hoje devem existir no estrangeiro 4 a 5 milhões de libras, pelo menos, e que podiam vir para cá.

E tal facto poderia contribuir, e contribuiria certamente, para que o câmbio melhorasse mais.