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Sessão de 5 de Março de 1925 25

Daí resulta, Sr. Presidente, que essas receitas não diminuíram, apesar da melhoria cambial.

O Sr. Carvalho da Silva (interrompendo): - Nesse caso, foi um aumento de imposto. Não é outra cousa.

O Orador: - Não é um aumento do imposto, é uma tentativa para um nivelamento de imposto e uma tendência para um equilíbrio.

Mas, Sr. Presidente, o que é que nós ganhámos com a melhoria cambial?

É interessante dizermos o que foi que o País ganhou com a melhoria cambial.

V. Exas. lembram-se daquela enorme falta de escudos de que todos se queixaram?

Não se tratava de escudos açambarcados ou de escudos amealhados.

O que sucedia, Sr. Presidente, é que, numa terra onde a moeda estava muito desvalorizada, ninguém podia juntar dinheiro.

E, portanto, o comércio que se alimenta principalmente do crédito bancário sofreu imenso nesses momentos de crise, e queixou-se de que não havia escudos, pedindo que se fizessem mais, apesar de "e saber muito bem que daí a pouco tempo tudo estaria na mesma.

Tudo isto são influências do inflacionismo.

Mas querem V. Exas. ver números? Os que vou ler certamente deverão causar alegria ao Sr. Carvalho da Silva, porque S. Exa., apesar de monárquico, é um patriota.

O Sr. Carvalho da Silva (interrompendo): - Exactamente porque sou patriota é que sou também monárquico.

O Orador: - São opiniões. Mas, passemos aos números, que é o que mais nos interessa.

Quando publiquei o meu livro, a Conta de Depósitos, a soma total dos depósitos do Montepio Geral, em fins de Julho de 1924, era de 67:000 contos, isto exactamente no período mais agudo da crise.

E tive então ocasião de chamar a atenção de toda a gente para o que isso significava.

Portanto, em Junho de 1924 o saldo era de 67:000 contos, o qual depois atingiu quási o dôbro: 94:000 contos.

Leu.

Querem V. Exas. ver os saldos da Caixa Económica? Representam mais de 100:000 contos.

Então os benefícios da melhoria cambial não se fizeram sentir?

Então esta mudança de moeda não se deve levar à conta de melhoria cambial?

Verifica-se que, à medida que a melhoria cambial se afirma, a vida económica vai melhorando.

Mas há mais outro sintoma da melhoria cambial, que é interessante. Refiro-me à nossa divida flutuante, expressa em bilhetes de Tesouro. A medida que o escudo se valorizava, a capitação era reduzida.

O Sr. Morais Carvalho (interrompendo): - Mas isso é consequência do empréstimo rácico.

O Orador: - Veja V. Exa. que os saldos, que até 1923 foram negativos, já em Outubro de 1924 eram a favor do Estado.

Leu.

O Sr. Carvalho da Silva (interrompendo): - Quere V. Exa. sustentar que é bom sistema o aumento da dívida flutuante?

Pois tire V. Exa. o privilégio de invenção!

O Orador: - É um bom sintoma para o crédito do Estado; porque a dívida flutuante está hoje inferior ao que era antes da crise, pois em 1924 houve um saldo a favor do Estado do 15:000 contos, o que quere significar que a dívida flutuante não aumentou mais do que 15:000 contos. Isto representa confiança no Estado.

Interrupção do Sr. Carvalho da Silva que se não ouviu.

O Orador: - A resposta já eu a tenho dado por mais de uma vez a V. Exa.; a S. Exa., porém, se bem que me compreenda, convem-lhe fazer que me não entende, visto que isso lhe serve para a propaganda que se está fazendo contra os interêsses da Pátria e da República.

O Sr. Morais Carvalho (interrompendo):- V. Exa., que tem elementos tam