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Sessão de 5 de Março de 1925 27

O Orador: - Nesse ponto não tem S. Exa. nenhuma razão.

Também S. Exa. se referiu, no seu discurso, a cheques emitidos pelo Estado, e que teriam entrado no jôgo da convenção.

Ora, S. Exa. afirmou uma cousa impossível, visto que o Banco de Portugal tem, como norma, não emitir notas por cheques, ao abrigo da convenção, sem previamente preguntar aos banqueiros do Estado, em Londres, se êsses cheques têm cobertura.

O Sr. Carvalho da Silva (interrompendo: - Quere V. Exa. uma prova de que isso não é assim?

Basta lembrar os 110:000 contos, que andam a descoberto, sem terem a devida cobertura em ouro.

O Orador: - Mas aí não tem uma contrapartida de igual para igual.

No momento em que as notas foram emitidas, essa igualdade existia.

Aparte do Sr. Carvalho da Silva, que não se ouviu.

O Orador: - É uma interpretação de S. Exa.

O justado apareceu com as suas cambiais, e deu ao banco tantas libras, ao câmbio dêsse momento.

Nunca o Estado passou um cheque sem ter cobertura.

Se S. Exa. ler os balancetes do Banco de Portugal, terá de constatar que os fundos de amortização e reserva figuram com números inferiores, que dão uma margem de milhares de contos.

O Sr. Carvalho da Silva (interrompendo): - Esses fundos caucionam apenas a parte referente ao contrato de 1918.

O Orador: - Esses cálculos estão abaixo da realidade, havendo uma margem, repito, a favor do Estado.

O Sr. Morais Carvalho (interrompendo): - As contas foram feitas de maneira que até foram compradas cambiais directamente no mercado, como declarou aqui o Sr. Álvaro de Castro, quando Presidente do Ministério.

O Orador: - Também, o Sr. Carvalho da Silva acusou o Sr. Álvaro de Castro de açambarcador de cambiais, e, contudo, a chamada albufeira de cambiais não foi feita no tempo do Sr. Álvaro de Castro, mas sim quando o Sr. Daniel Rodrigues foi Ministro das Finanças.

E, efectivamente, o Sr. Daniel Rodrigues procedeu inteligentemente, criando essa albufeira de cambiais, em que o Estado se tornou proprietário de grande namoro delas.

Desde que se deu a melhoria cambial, evitavam-se flutuações que poderiam trazer como consequência um verdadeiro cataclismo.

O Sr. Carvalho da Silva está no seu papel.

Limitou-se a fazer um ataque político apaixonadamente, mas, no seu íntimo, deve reconhecer que a orientação seguida foi a única aconselhável.

Também S. Exa. disse que o câmbio foi artificialmente elevado a 160$ por libra.

O Sr. Carvalho da Silva (interrompendo): - Não foi artificialmente elevado; foi muito naturalmente pela condenável orientação dos Governos da República.

O Orador: - Veja S. Exa. a sua incoerência.

S. Exa. dizia que a posição da libra 100$ era um bluff, que não tinha fundamento.

Quando eu disse que a nossa moeda não se desvalorizava mais, riram-se da minha previsão.

Fui até classificado de lunático.

Estabelece-se diálogo entre o orador e o Sr. Carvalho da Silva.

O Orador: - Falhou a competência dos que diziam que a melhoria cambial era um bluff.

O Sr. Carvalho da Silva: - Ainda mão lhe disse que ela estava garantida.

O Orador: - É o que faz a paixão ao serviço duma questão que nunca devia constituir objecto político...

O Sr. Carvalho da Silva: - É por S. Exa. estar apaixonado, que tem dito as cousas que nós sabemos.