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24 Diário da Câmara dos Deputados

nas circunstâncias em que nos temos encontrado e em que ainda nos encontramos, porque ainda são necessárias essas medidas, não é bastante, muitas vezes, a censura.

E o Sr. Carvalho da Silva, para reconhecer que o Govêrno não é movido por qualquer espírito de ódio, devia considerar a maneira imparcial como procederam as autoridades, as quais não suspenderam nenhum jornal monárquico, porque êsses, embora fazendo a sua política, embora dando notícias em que, se bom que afirmem o contrário, as simpatias iam para os revoltosos, bastava que fossem censurados.

Mas a censura não pode, o não podia, intervir em questões do critério ou de orientação, e periódicos houve que aproveitaram essa circunstância para estabelecerem cada vez mais funda a divergência na sociedade portuguesa.

Ora neste momento nós não podíamos consentir, mesmo para prestígio do Estado que tal caso se dêsse. Eis a razão porque essa resolução foi tomada, e, embora tomada por Autoridades que estão encarregadas dêsse serviço, repito, o Govêrno assume a responsabilidade do facto.

O Govêrno tem a mais absoluta confiança nas pessoas que estão encarregadas de dirigir Ossos serviços e assumo a responsabilidade dos actos por chis praticados.

Creia o Sr. Nuno Simões qno falo com toda a sinceridade quando lhe afirmo que é com verdadeiro pesar que mo vejo obrigado a manter ainda durante alguns dias, mas que serão muito poucos, a censura aos jornais, mas é exactamente ao contrário do que S. Exa. disse, para não permitir a perturbação que certos jornais têm lançado na sociedade portuguesa.

Apoiados.

Termino dizendo que desejo tanto como S. Exa. que o espírito de liberdade pairo sôbre toda a nossa sociedade, e que se efectivamente ela não o tem agora por completo a culpa não é do Govêrno, mas daqueles que vieram perturbar a ordem-

Apoiados.

Agradeço também aos Srs. António Maria da Silva, Álvaro de Castro, Pinto Barriga e Lino Neto, as saudações que dirigiram ao Govêrno.

Podem S. Exas. estar certos, como já o afirmei há pouco quando tive a honra de falar nesta Câmara, do que o Govêrno sente-se fortalecido com essas saudações e que continuando o Parlamento a manifestar a sua confiança no Govêrno êle continuará também a desempenhar o sou papel com o mesmo objectivo do sempre (pie é fazer uma obra republicana, estabelecendo a ordem e a calina na sociedade portuguesa.

Apoiados.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Presidente: - Nomeio para substituir na comissão de legislação civil e criminal o Sr. Adolfo Coutinho, o Sr. Alberto Vidal.

Vão ler-se dois ofícios enviados para a Mesa pela 1.ª divisão do exército.

Lêem-se na Mesa e baixam às comissões.

O Sr. Júlio Gonçalves (para interrogar a Mesa) - Sr. Presidente: pedi a palavra para preguntar a V. Exa. se já acabou a discussão da proposta do Govêrno.

O Sr. Presidente:-Não acabou. Leram-se êstes ofícios a fim de terem seguimento, pela simples razão de a Câmara ter autorizado a reunião das comissões de legislação civil o criminal e de guerra durante a sessão para as apreciarem.

O Sr. Nuno Simões: - Sr. Presidente: o Sr. Presidente do Ministério, com o seu. conhecido espírito liberal e democrático, confessou a sua mágoa por ter do manter uma medida absolutamente excepcional, como é a da censura à imprensa e suspensão dalguns jornais.

Disse S. Exa. que necessitava que a Câmara o autorizasse a manter essa situação, porque carecia disso para as diligências que o Govêrno tem de fazer para averiguar do quem são as responsabilidades dos últimos acontecimentos.

Assim, Sr. Presidente, o meu protesto fica lavrado, assumindo o Govêrno a responsabilidade do que faz, do que fez o do que pretendo fazer, e na hora devida discutir-se hão os acontecimentos, isto é, as razões que levaram o Sr. Presidente, do Ministério a assim proceder, e que não