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28 Diário da Câmara dos Deputados

garantidas sob palavra de honra, como algumas pessoas tinham interpretado - porquanto sob palavra do honra apenas garantia que não tinha nenhuma comparticipação de movimento revolucionário, nem ter estado na Rotunda - entendi eu que esta comunicação era muito melindrosa e que, por isso, mio mo assistia o direito de a conservar reservada só para mim.

Todavia, por outro lado, entendi também que não era meu dever transmiti-la à Câmara, visto que não tinha sido solicitado a fazê-lo.

Nestas condições, limitei-me a registar a comunicação recebida, fazendo-a figurar no processo que se encontra sôbre a Mesa, escrita pela minha mão, a fim de que os Srs. Deputados pudessem dela ter conhecimento.

Eis o motivo por que não informei imediatamente a Câmara da comunicação que me foi transmitida pelo Sr. Carneiro Franco, entendendo que nenhum Deputado tinha o direito do me fazer uma pregunta que me provocasse a declaração de haver recebido tal comunicação.

S. Exa. não reviu.

O Sr. Carneiro Franco (para explicações): - Sr. Presidente: é absolutamente exacto que eu comuniquei a V. Exa. que, ao entrar na Sala dos Passos Perdidos, fui procurado pelo meu amigo Sr. Aquilino Ribeiro, que me solicitou para transmitir a V. Exa. que tendo acabado do chegar da prisão onde se encontra o Sr. Cunha Leal, êste Sr. Deputado lhe havia pedido para fazer constar à Mesa, que a expressão "palavra de honra" da carta que dirigiu a esta Câmara, dizia apenas respeito ao facto de S. Exa. não ter entrado no movimento revolucionário, nem ter estado na Rotunda, não ao referindo às outras passagens da mesma carta, como à afirmação de cabala política e outras.

Sr. Presidente: a minha acção foi pura e simplesmente a de transmitir a V. Exa. o que acabo de expor, para que V. Exa. comunicasse à Câmara o desejo manifestado pelo Sr. Cunha Leal, chagado até mim pela voz do meu querido amigo Aquilino Ribeiro.

Não quis, ao fazer essa comunicação a V. Exa., dar outro alcance que não fosse êste: uma comunicação que me havia sido feita o que em consciência eu não tinha direito de recusar-me a comunicar a V. Exa.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Plínio Silva: - Sr. Presidente: sabe V. Exa. muito bem a alta consideração que eu tenho por V. Exa.

Não digo estas palavras por mera cortesia.

Creio que V. Exa. tem sentido bem o elevado aprêço que tenho pela pessoa de V. Exa., visto que inúmeras provas de amizade me tem dado.

Sabe também V. Exa. que ou lhe dispenso uma tam grande consideração que, sem favor, o considero uma das mais altas figuras da República (Apoiados); e, por isso, V. Exa. não me levará a mal que eu diga que me maguou a forma de recriminação como V. Exa., em parte, quis censurar a interrogação que eu dirigi à Mesa.

Estava o estou convencido de que foi boa a minha intervenção; e bastava ter verificado o aplauso o assentimento do Sr. Ginestal Machado às minhas palavras de ha pouco para compreender que S. Exa. tinha sentido prazer em que eu, tendo dado às suas palavras a devida atenção e consideração que elas sempre me merecem, houvesse pedido a V. Exa. que elucidasse a Câmara sôbre as palavras com que o Sr. Ginestal Machado terminara as suas considerações.

Parece-me que, entendendo o Sr. Presidente que não se deveria fazer qualquer referência ao assunto, e uma vez que não tinha sido eu a pessoa que em primeiro lugar a êsse facto se havia referido, se censuras havia a fazer, elas não deveriam ser dirigidas a mim, mas, porventura, ao Sr. Ginestal Machado.

Creio que todos fazem a justiça de reconhecer que a minha intervenção, nesta altura, outro fim não teve, do que esclarecer completamente o assunto por forma a que todos nós ficássemos suficientemente elucidados sôbre a carta que o Sr. Cunha Leal tinha dirigido à Mesa.

Creio que as minhas palavras devem satisfazer V. Exa.

Vê-se que o meu propósito era esclarecer a Câmara e que as minhas palavras