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Sessão de 2 de Junho de 1925 23

car um decreto com 158 artigos e muitas mais nomeações para lugares novos que se criaram nas Tutorias.

Eu cheguei a convencer-me de que o Sr. Vitorino Guimarães, visto que tem tantos tutores, resolveu também recolher a uma Tutoria de Infância.

O que é certo, porém, é que foi publicado um decreto absolutamente ditatorial, criando bastantes lugares, como também se criaram lugares novos com a reforma da policia, tendo-se até pensado na criação de uma nova comarca, tudo à sombra desta autorização.

Sr. Presidente: eu creio ter dito mais do que o suficiente para justificar o nosso voto à moção enviada para a Mesa pelo Sr. Cunha Leal.

No emtanto, achamos ainda incompleta essa moção e possivelmente, no decorrer da discussão, teremos de apresentar uma outra moção que complete a do Sr. Cunha Leal.

Disse o Sr. Cunha Leal que talvez o Sr. Vitorino Guimarães se conserve nas cadeiras do Poder.

Eu serei, porventura, muito ingénuo, mas não acredito que o actual Govêrno se mantenha depois de tantas provas de incompetência administrativa que tem dado e depois das provocações que tem feito ao País e ao próprio exército português.

Tenho pena de que o Sr. Ministro da Guerra não esteja presente, para mais uma vez me ouvir dizer que lamento que S. Exa. se houvesse esquecido da sua qualidade de oficial do exército para se colocar, como político, às ordens dos desordeiros contra o exército de que faz parte.

Não sei se a Câmara dos Deputados achará bem que tudo continue como está. Naturalmente acha. Mas. então, eu só lembrarei à mesma Câmara dos Deputados que é ela quem, dia a dia, provoca o País, tornando assim justificável qualquer acção de revolta por parte dêle.

Faça a Câmara o que entender!

Se, politicamente, olhássemos - nós minoria monárquica - apenas ao interêsse que há para a causa que temos a honra de defender, de existirem na República Governos como o actual, eu diria agora ao Sr. Presidente do Ministério:

Fique aí!

Mas não. Acima de tudo pomos o País e sentimos que, para bem dele, necessário se torna que o Govêrno abandone as cadeiras do Poder. Saia e leve bem a certeza de que bateu o record da incompetência, da perseguição e da violência.

Infelizmente, porém, não podemos ter esperanças de que venha outro Govêrno melhor. Será mais uma experiência que já vem de há 15 anos para cá, e que só tem provado aos republicanos bem intencionados que na República não pode haver outra cousa senão o que está aí.

O orador aponta a bancada ministerial.

Só pode haver Governos de desordem contra a ordem.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. João Camoesas: - Sr. Presidente: sou talvez das poucas pessoas que dentro desta sala podem neste instante político falar com calma. As contingências eleitorais nenhuma influência exercem no meu espírito, visto que me encontro decididamente disposto a não consentir na apresentação da minha candidatura a Deputado nas próximas eleições.

Nestas condições, o factor eleitoral, que apaixona tanto os debates parlamentares em períodos como o que actualmente decorre, não tem, repito, nenhuma espécie de influência no meu espírito.

Resolvi-me a intervir neste debate, o que aliás tencionava fazer em outra altura, quando o Sr. Cunha Leal mais uma vez pretendeu, cora a injustiça de sempre, considerar o Partido Republicano Português como único responsável da incapacidade orgânica das outras fôrças políticas da República.

Sr. Presidente: há muitos anos que em Portugal os partidos que pretendem organizar-se e desenvolver-se, em vez de trabalharem no País para aumentar as correntes de opinião que os apoiam, em vez de multiplicarem a sua actividade no sentido de enriquecerem de homens os seus organismos, procuram dissolver a maior fôrça política da República, tentando, pela redução dessa mesma fôrça, criar o que não logram obter pelos processos que são normais em toda a parte do mundo.

E chega-se mesmo, Sr. Presidente, ao desvario de pretender que um organismo, que possui a sua vitalidade própria faça