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20 Diário da Câmara dos Deputados

República, demonstrou à Câmara que não fez outra cousa, desde que sentou praga, senão fazer e tomar parte em revoluções, creio que ha trinta anos a esta parte.

Sr. Presidente: são assim os homens de ordem da República, e o que é mais curioso é que quando há um movimento contra os Governos de que êles fazem parte, vêm logo chamar desordeiros, gritando que é indispensável uma forte repressão contra êles. Apresentam só como vítimas quando estão na oposição, mas quando se apanham outra vez em cima, já não são vítimas, mas revolucionários que alegam serviços para receberem recompensas, que bem caras tem custado ao País.

É a autoridade moral que tem para falar os homens que fazem revoluções o que depois só apresentam como homens de ordem! Simplesmente, Sr. Presidente, há uma cousa que êles fizeram, o que os revoltosos de 18 do Abril não levaram a efeito, paru honra sua o para honra da farda que vestem: os homens de ordem que nós ouvimos falar nesta Câmara, para criticar os revoltosos do 18 de Abril, tem entrado em revoluções com civis, indo incitar os inferiores, militares, a faltar ao respeito e à disciplina que devem aos BOUS superiores, originando, consequentemente, a desorganização do exército.

O Sr. Joaquim Ribeiro (em àparte): - Isso não é verdade.

O Orador: - Estos homens que falam em nome da ordem...

O Sr. Joaquim Ribeiro (em àparte): - É mentira.

O Orador: - ... fazem isto, e os homens do 18 de Abril não quiseram admitir civis.

Sr. Presidente: eu quero pôr em confronto os revoltosos de 18 de Abril e o que nesta Câmara tem sido dito.

Eu pregunto a V. Exa. se é monos grave que qualquer oficial - e nisto não vai para nenhum a mais pequena alusão desprimorosa - se junte a elementos civis para ir assaltar o Castelo de S. Jorge ou o Ministério da Guerra, ou se porventura o procedimento dos oficiais de 18 de Abril, juntando-se com outros oficiais, é mais grave.

Eu tenho muito orgulho em reconhecer que nesse movimento se encontram oficiais que à República e ao País têm prestado relevantes serviços'.

E, Sr. Presidente, pregunto que autoridade há para considerar êsses homens como pessoas a quem se devo aplicar uma legislação inconstitucional, atrabiliária, violenta, inadmissível, como aquela que o actual Govêrno de desordem, o actual Govêrno provocador, o actual Govêrno que atenta contra a Constituição e contra a ordem, obedecendo só aos elementos da desordem contra os da ordem, lançou para as colunas do Diário do Govêrno.

Nos dois decretos publicados, um referente a oficiais briosíssimos do nosso exército, outro referente a crimes do ordem social, para vergonha do Govêrno, e do Pais, que deixa sentar naquelas cadeiras um Govêrno que assim procede, cria-se mais legislação do excepção para os oficiais honrados do exercito do que para os homens que lançam bombas o que atontam contra os fundamentos da sociedade.

Sr. Presidente: neste interregno parlamentar, cujas consequências nós logo previmos, quais seriam, porque conhecemos os precedentes da Republica e os homens que se sentam naquelas cadeiras, nós podemos verificar que há dois Diários do Govêrno neste País: em é o próprio, o outro é o jornal O Mundo. Realmente, neste jornal anunciavam-se com antecedência os decretos que se iam publicar, ou melhor, neste jornal impunha-se ao Govêrno o que havia de fazer, porque se não fizesse assim mal ia para a sua sorte, e o certo é que dois ou três dias passados, embora o Sr. Vitorino Guimarães às vezes parecesse - pelo menos deduzia-se isso da leitura dos jornais - esboçar um gosto de reacção, a verdade é que apareciam os decretos respectivos no jornal oficial. E que contraste entre as blandícias e os carinhos com que se tratavam e se tratam nesse jornal os membros da Legião Vermelha e a maneira como nele se tratavam e se tratam oficiais briosos do nosso exército, alguns dos quais já vítimas dos bandidos da Legião Vermelha!