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Sessão de 3 de Junho de 1925 23

Não há dúvida do que era uma formosa idea a do lar dos portugueses no Oriente, que visava a construir nas cidades estrangeiras orientais onde há núcleos de portugueses, edifícios, que fossem simultaneamente e insulado, associação da colónia, emfim, edifício da família portuguesa.

Tara a pôr em realização em Shanghai, quis S. Exa. construir um belo edifício; mas não tinha nem dinheiro nem foi ma legal para o fazer; não se importou porem, e recorrendo a um empréstimo de 1:200 contos com, garantia do Govêrno no Banco Nacional Ultramarino o saltando por cima das exigências da lei, mandou-o construir. Quis fazer um consulado em Cantão, por sinal que- com capela e casa para o pároco, e lá foram mais 900 contos, sem lei alguma que o autorizasse.

Outro caso da mesma ordem é o da compra dum edifício para a Legação em Pequim.

Estou a ver o Sr. Rodrigo Rodrigues observar se eu não teria tido, antes de S. Exa., essa mesma idea.

Não há dúvida que tive, e justificada a considero, porque a Legação funcionava fora do Bairro Diplomático, numa casa da cidade china, em condições inconvenientes.

Tornava-se indicado evidentemente aproveitar uma oportunidade que permitisse estabelecer a Legação no Bairro Diplomático. Essa indicação mais forte se tornou quando o nosso Ministro passou a exercer as funções de decano, o que na China tem uma importância muito grande, porque o corpo diplomático é, como V. Exas. sabem, alguma cousa de importante, de efectivamente actuante na vida chinesa.

Apareceu uma casa que constituía uma concessão feita pela China à Alemanha, e estava por esta arrendada a determinado cidadão. Informado pelo Ministro em Pequim, de que havia probabilidades de fazer combinações para aquisição desta casa, transmiti a informação para o Ministro, pedindo-lhe para a transmiti, por sua vez, ao Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros de então, e disse: "Se fôr possível à província de Macau, dentro das suas disponibilidades, facilitará ela a operação", então prevista em 50:000 patacas.

Tornei, pois, essa operação dependente dos recursos que a colónia tivesse e do que o Govêrno resolvesse como maneira legal de a executar. Foi o Sr. Rodrigo Rodrigues. S. Exa. achou realmente que a idea era sedutora, mas não se prendeu, como eu, nem com as dificuldades do recursos, nem com as de ordem legal, e substituiu-se ao Ministro das Colónias, ao Ministro dos Negócios Estrangeiros, e, por uma operação escriturada na Direcção da Fazenda de Macau, tornou esta colónia possuidora do prédio do Bairro Diplomático peia importância de cêrca de 1:000 contos.

Este facto é simultaneamente demonstrativo da pouca defesa dos dinheiros da colónia e do desrespeito pela autoridade de Lisboa, e ainda do desconhecimento do limite das suas atribuições. Mas há mais.

Havia em Macau um antigo convento que tinha servido durante alguns anos, ainda no tempo da monarquia, a um colégio feminino de irmãs. Era uma pertença da instituição que se chamava Colégio de Santa Rosa de Lima, governada por uma comissão presidida pelo bispo da diocese.

Quando cheguei a Macau - sabem V. Exas. que fui eu o governador que precedeu o Sr. Rodrigo Rodrigues - estava instalado no convento um depósito de material de guerra. O bispo instou comigo para que eu desocupasse o colégio.- Eu resisti quanto pude a ceder-lhe, pela simples razão de que me era muito difícil obter outro edifício para o serviço militar que lá estava instalado, serviço agravado ainda por ter vindo para Macau um contingente de tropas, por motivo de perturbações graves, às quais S. Exa. se referiu com censura para mim, mas que a Câmara apreciará depois, porque a elas me referirei detalhadamente. E a todas as instâncias do bispo da diocese eu realmente resisti, pela necessidade em que estava do ter aquele edifício para fins militares.

Houve uma semi-combinação; se em algum orçamento eu pudesse dispor de verba suficiente construir seria ou ampliar-se-ia um edifício destinado a êsse colégio; em troca, a comissão entregaria o convento definitivamente ao Govêrno, visto que o Govêrno não poderia prescindir dêle.